Holanda - soma e segue
Ferida na paz que soube criar, na integração de imigrantes, na diversidade de culturas que acolheu, a Holanda é hoje um país onde a xenofobia pode penetrar.
O assassinato do cineasta Theo van Gogh, em plena rua, por extremistas islâmicos, após ter denunciado a crueldade com que o islão trata as mulheres, despertou os holandeses para a triste realidade dos fundamentalistas. Às oito horas da manhã, quando descia da bicicleta em que se deslocava, Theo foi assassinado a tiro, aos 47 anos, em Amsterdão.
Uma intelectual que renegou o islão anda refugiada com a ameaça de morte a que a demência islâmica a condenou.
É esta Holanda, comovida e revoltada, que vota o tratado da Constituição Europeia. São muitos os que, sentindo o impulso de responder à jihad com uma cruzada, estão hoje a votar «NÃO» à Constituição Europeia, eles que foram dos mais empenhados e generosos na construção europeia. Como se o «NÃO» fosse uma manifestação de repulsa contra o fanatismo, uma forma de exorcizar a insegurança criada, um antídoto contra uma civilização falhada cujo estertor a torna violenta (o islão).
A Holanda será hoje o segundo país a interromper a Europa em construção. A caixa de Pandora fica aberta. Não tardarão as disputas internas que dilaceraram a Europa no passado. Daqui a pouco teremos um pouco mais de América e bastante menos Europa.
Carlos Esperança
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