Vitorino, PSD e RTP

Quando o PSD, sem vergonha ou memória, acusou recentemente a RTP de ter feito uma «nomeação governamental» ao contratar António Vitorino, a ser entrevistado por Judite de Sousa às segundas-feiras no programa «Notas Soltas», esqueceu-se de Marcelo Rebelo de Sousa, ex-líder do PSD, num programa idêntico com o título «As Escolhas de Marcelo».

Podia, isso sim, lembrar o défice de antena dos partidos mais à esquerda, em particular o PCP, em vez de tentar manter um privilégio e querer subverter critérios editoriais.

Recordo aqui um trecho do artigo premonitório que escrevi no «Ponte Europa», em 4 de Março p.p., antes da formação do actual Governo, sob o título:

«Quo vadis, António Vitorino?»:

(...)
«Contrariamente aos militantes, há um socialista que eu preferia não ver no Governo – António Vitorino (AV). Não porque não seja bom, é óptimo em tudo, em qualquer Governo. Não porque isso diminua quem foi considerado pela imprensa estrangeira, com frequência, o melhor dos comissários europeus, mas porque o PS deve preservar alguém «demasiado brilhante, demasiado europeu e demasiado independente», razões que segundo o «Le Monde» levou Washington a vetá-lo para chefiar a NATO, como recorda a «Visão» de hoje [04-03-2005].

Já imaginaram o efeito devastador de Marcelo Rebelo de Sousa, empenhado militante do PSD, na RTP-1? Quem, melhor do que AV, para contrariar o tempo de antena que perversamente foi oferecido ao antigo líder do PSD e ao rancoroso trânsfuga do PS, António Barreto?
(...)

Observação: Notas Soltas é também o título de um artigo mensal que publico há anos no mensário «Praça Alta», de Almeida, e, há meses, em simultâneo, primeiro no Blog «Veritas» e, agora, no «Ponte Europa».


Carlos Esperança

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