Nojo



Com o título em epígrafe, transcrevo do Blog Mau tempo no Canil:

«O Expresso explica que um sócio da empresa Bragaparques tentou subornar um vereador da câmara de Lisboa. Quarenta mil contos era o preço do silêncio de José Sá Fernandes (que denunciou a tentativa de corrupção à PJ) sobre a compra dos terrenos da Feira Popular à câmara municipal de Lisboa.

Esta mesma empresa, especializada em construir parques de estacionamento nas principais câmaras do País, já tinha feito um negócio ruinoso para o Estado no Hospital de S. João. A história é simples: em troca do arranjo do parque de estacionamento do hospital, o pagamento de 50 mil contos em material hospitalar, uma renda de 750 contos mensais e uma percentagem de futuras receitas a BragaParques recebeu (do hospital) terrenos para construir um hotel, um centro comercial e um parque subterrâneo.

O problema é que uma das administrações do Hospital de S. João decidiu renegociar o contrato. O Hospital comprometeu-se a pagar à Braga Parques uma percentagem do dinheiro recebido dos utilizadores do seu parque à superfície em troca de mais obras de beneficiação do dito (essas obras já eram o objecto central do contrato original). Resumindo: em alguns meses, o Hospital passa a dever mais de 100 mil contos de rendas à empresa a quem já tinha cedido, ao preço da uva mijona, os seus terrenos . Quando Isabel Ramos, nomeada pelo governo PSD, chega à presidência do Hospital de S. João opõe-se ao pagamento desta dívida. É demitida pelo mesmo ministro que a nomeara. Luís Filipe Pereira de seu nome.

No caso do Metro do Porto, escrito pelo meu amigo Luís Rosa, no Expresso de hoje, a pouca vergonha é do mesmo género. Entre 2000 e 2003, o conselho de administração, liderado pelo arguido do apito dourado, Valentim Loureiro, deu prémios de trabalho ao presidente da empresa de capitais público e aos seus dois administradores executivos. O bando dos três recebeu 650 mil euros de prémios de produtividade apesar da empresa ter apresentado semrpe resultados negativos. O Luís escreve que em 2004 chegaram a 38 milhões de euros de défice.

E explica ainda mais: Oliveira Marques e os dois administradores executivos ganhavam salários de 140 mil euros e de 110 mil euros anuais. Os prémios anuais correspondem a nove salários mensais. Os presidentes de câmara que integravam o conselho de administração (os autarcas Valentim Loureiro, Rui Rio, Narciso Miranda e Mário Almeida) ficavam-se pelos 50 mil euros brutos anuais de compensação pelo trabalho na empresa, que, entre outras obras primas de gestão, conseguiu construir uma ponte por 33 milhões de euros quando era suposto que esta custasse apenas 14 milhões de euros. Foi entregue com três anos de atraso.

Melhor ainda, sabem o que é que o governo faz quando o jornalista lhe pede acesso ao relatório da IGF sobre a Metro do Porto? Primeiro, diz que não entrega. Depois, quando a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativo ordena que o jornalista tenha acesso ao relatório, entrega uma versão parcial. Justificação de Teixeira dos Santos: "Prevenir a violação de sã concorrência, proteger a privacidade dos negócios e evitar difusão prejudicial à empresa do Metro Porto".

Termino esta nojeira toda com uma recomendação ao PGR: continue a fazer rusgas nos jornais. Está no bom caminho
.» FTA (Francisco Trigo de Abreu)

Comentários

Anónimo disse…
Na verdade chegamos ao inimagável.

Neste momento já não chega falar de corrupção, favorecimento pessoal e benesses. Isso é pouco e não caracteriza a dramática situação onde estamos metidos.
Temos obrigação de dizer ( e saber) que o País está a saque.
Temos de indignar-nos por o orçamento do estado (para o qual os que pagam impostos contribuem) está a ser vitima de um assalto organizado.

O caso do metro do Porto não pode passar em claro.
A administração dessa perdulária, infindável e descontrolada obra, permitiu-se criticar - com voz grossa - o relatório da IGF. De voz grossa porque o bolso estava cheio... mas com apetência para sacar mais.
Em Portugal o sigilo das fontes de informação dos orgãos de informação não é para respeitar mas o "sigilo económico" é - no entender de Teixeira dos Santos - um impedimento ao conhecimento (cabal e integral) dos factos.
Os factos não são histórias da carochinha, são o assalto organizado aos dinheiros públicos. O "mercado dixit" pela boca de um ministro deste governo.

A "quadrilha" está denunciada e, ao que supomos, consta do relatório da IGF.
O Sr. ministro quer esconder.
O MP assobia para o lado e prefere deixar andar(ignorar). Está entretido noutras coisas (p. exº: a escutar os portugueses).

Este governo PS cada vez mais se enreda nas malhas que tece.
Provavelmente, daqui a uns tempos, arranjará uma historiazinha para aumentar os impostos. A história pode ser, por exemplo, e para continuar a ser original, a redução do defice. Qualquer história serve porque não acreditaremos em nenhuma.

Entretanto o saque prossegue sob o manto diáfono de salvaguardar a sã concorrência.

Que mais nos vai acontecer?
Anónimo disse…
Sr. Cardeal afirmo-lhe que se o Vilarices fosse um tipo importante o quarteto passaria a quinteto
..
Depois do escândalo da REFER - O presidente do metropolitano de Lisboa, Mineiro Aires, diz "o Metro de Lisboa é um antro de esquemas instalados" - da CP, da "extensão" do túnel do terreiro do paço, e agora também na METRO do Porto.

Mas o surpreendente é que, ao que parece, isto é tudo legal!

Cumprimentos,
AAF
http://regioes.blogspot.com
Anónimo disse…
e em coimbra os negócios de parque de stacinamento em plena fernão de magalhães e os putativos negócios do parque de estacionamento da praça da republica, será q não há campanhas eleitorais pagas á custa da nossa qualidade de vida ?

bragaparques com rabo de fora!!!!!!
Anónimo disse…
Certo!

Mas histórias como a do bragaparques, depois do que sucedeu em Lisboa,deveriam ser objecto de investigação pelo MP.

Enriquecimento rápido, meteórico, traz sempre "água na boca".

Agora, para acudir a tantos "fogos" era preciso (nos próximos tempos) um MP - gigantesco!
Anónimo disse…
Que mostros habitam estes miasmas. Que nojeira sórdida toda esta gente. Mas os piores estão agora nas esplanadas de Carcavelos e do Guincho. Ou melhor, agora estão no Nordeste a gozar umas mini-férias...
Anónimo disse…
Então, onde está o escandalo?
Acaso não sabem os senhores deste País, como funcionam as coisas?
Paga aqui, renegoceia ali, dá cá, toma lá, etc.
Resolve-se tudo com umas buscas aos jornais, pois claro.
Para quando os escandalos dos "concursos públicos"?
Anónimo disse…
É que é já a seguir...
Anónimo disse…
Concursos Publicos? Quais os da Lusitanea ou da Figueira GT? Ambos têm as mesmas mãos por baixo. Oh Batista não dizes nada? E tu Vilarices andas muito calado!
Anónimo disse…
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