Mulher – Dia internacional


(Primavera - Boticelli)
Nutro pelos dias do calendário, que a sociedade de consumo reverencia, saudável horror e o desprezo mais visceral.

No dia da mulher vacilo e soçobro. Evoco mãe e irmã e esmoreço; lembro companheira e amiga e descoroçoo. Lembro as mulheres, vítimas de todas as épocas, e enterneço-me.

Recordo a oração matinal dos judeus que convida os homens a bendizer Deus por tê-lo feito judeu e não escravo...nem mulher. Recordo a Tora que decidiu a inelegibilidade [da mulher] para funções administrativas e judiciárias e a incapacidade de administrar os próprios bens.

Lembro a submissão que o islão impõe, a burka que lhe cobre o corpo e oprime a alma, a lapidação, as vergastadas e a excisão. Os machos são superiores às fêmeas, «porque Deus prefere as homens às mulheres (IV, 34)».

A cultura judaico-cristã é misógina, submete e explora a mulher. Destina-lhe a cozinha e a procriação, a obediência e a servidão. É a herança que Abraão lhe deixou.

Quando a mulher irrompeu com a força contida por séculos de opressão, avançou nas artes, na ciência e na cultura, com o furor do vulcão que estoirou os preconceitos.

Antes do 25 de Abril, em Portugal, a mulher carecia de autorização do marido para transpor a fronteira, não tinha acesso à carreira diplomática ou à magistratura, nem à administração de bens próprios.

Não há países livres sem igualdade entre os sexos.

A libertação da mulher é uma tarefa por concluir, contra o peso da tradição, a violência dos homens, o abuso das Igrejas e os preconceitos da sociedade.

Hoje, dia internacional da mulher, é dia para, homens e mulheres, pensarmos que somos iguais. Todos os dias. Em qualquer lugar. Sempre.

Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»

Comentários

andrepereira disse…
Apoiado! Muito bem ó Carlos Esperança!
Viva a dignidade da Mulher!
Mano 69 disse…
CORRECÇÃO

Onde se lê:

«A libertação da mulher é uma tarefa por concluir, contra o peso da tradição, a violência dos homens, o abuso das Igrejas e os preconceitos da sociedade.»

Deverá ler-se:

A libertação da mulher é uma tarefa por concluir, contra o peso dos homens, a violência da sociedade, o abuso da tradição e os preconceitos das Igrejas.

De resto está excelente Carlos Esperança!
cãorafeiro disse…
»a mulher carecia de autorização do marido para transpor a fronteira, não tinha acesso à carreira diplomática ou à magistratura, nem à administração de bens próprios.«

MAS AGORA JÁ HÁ AS MIÚDAS DO GÁS, VOI DESTRUÍDO O ÚLTIMO REDUTO DOS HOMENS...
Anónimo disse…
Não queiramos fazer da mulher o que ela não é. Homem e mulher são naturalmente diferentes e pode-se dizer que se completam. Menos aivorcios haveria se cada um aceitasse o seu lugar!
Anónimo disse…
Para quando o Dia Internacional do Homem? Viva a dignidade do Homem. Quantos homens sofrem de violência doméstica? Alguém fala disso? Deixemo-nos de hipocrisias. Será que as mulheres casadas e maes de filhos que singraram na vida e na política precisaram de protecção especial? Julgo que não.
Anónimo disse…
TEM TODA A RAZÃO. SÓ FALTA DIZER QUE, COITADINHAS, ATÉ NA CAMA FICAM POR BAIXO.
Anónimo disse…
A ideia de fazer das mulheres umas coitadinhas indefesas já começa a cheirar mal. Algumas merecem tudo mas outra mereciam era cadeia. Fazem do casamento uma profissão chulando tudo à sua volta. Acordem homens.
Anónimo disse…
depende dos dias...

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