O Referendo e a abstenção

O Grito (Edvard Munch) - roubado pela 1.ª vez, faz hoje 13 anos
Os analistas têm omitido, quiçá, por temor reverencial à Igreja católica ou respeito pelas posições civilizadas do patriarca Policarpo, uma causa importante da abstenção, bem inferior, por sinal, à do primeiro referendo da IVG (68,06%).

Aliás, foram menos participadas as eleições para o Parlamento Europeu em 1994, 1999 e 2004, onde a abstenção foi respectivamente: 64,46%, 60,07% e 61, 4%.

A abstenção de 56,39% pode considerar-se uma notável participação se tivermos em conta a exibição de fetos, as lágrimas de sangue da Senhora de Fátima e a ameaça de excomunhão para quem votasse SIM.

O Cânone 1331 do Direito Canónico - o Código Penal das Almas -, determina que os que votaram SIM no referendo «não podem casar, baptizar-se e nem poderão ter um funeral religioso» como explicou pacientemente o compassivo cónego Tarcísio Alves.

Esta excomunhão automática, tão grave que nem os padres a podem retirar, não impediu que 2.338.053 eleitores desrespeitassem a Igreja, cidadãos com as quais a Igreja deixará de poder argumentar nas transacções com o Estado e na chantagem dos números.

Mas não sabemos quantos eleitores, querendo votar SIM, se abstiveram para evitar a privação dos sacramentos, o ajuste de contas da próxima confissão e o medo de que lhes falte o padre no funeral.

Comentários

Anónimo disse…
Pica-se com quê?
Anónimo disse…
Menos uns milhões de almas no Paraíso...
Deixem lá...
Anónimo disse…
óptima analise, Carlos!
e-pá! disse…
CE:

O referendo parece ter despertado sentimentos estranhos e contraditórios a muitos portugueses. Desde a arrasoada de Ribeiro e Castro, às declarações da mandatária pelo "Não", a indiferença de Marcelo, ... etc.
Foram reacções a quente em cima da hora, em directo, etc.

E finalmente apareceram as asneiradas, o insuportável, o ridículo (assassino),...em prosa "elaboradamente" escrita, portanto, supostamente ponderadas.

And the winner is:

LUÍS DELGADO pelo seu artigo de opinião, de hoje, no DN, sob o título:
"E AGORA COMO VAI SER ?"

Das duas, uma:

- ou vamos todos repetir o referendo, vezes sem conta, até ele perceber;
- ou, o rapaz vai ao Sindicato dos Jornalistas e entrega a carteira profissional.
Anónimo disse…
a igreja é uma instituição com regras próprias. Ao contrário das doutrinas marxistas-leninistas à qual estão habituados, dão-nos uma orientação mas não são mandatórias porque apesar de tudo sabe perdoar. Não envia para um campo de trabalhos forçados
chicomartins
Anónimo disse…
chicomartins:

Já a PIDE chamava comunistas a todos os que se opunham à ditadura.

Para esse peditório já dei.

Quanto à bondade da entidade que refere não esqueça as Cruzadas, a Evangelização e as fogueiras do Santo Ofício.

Para não falar do apoio às ditaduras fascistas.
Anónimo disse…
Pronto ganharam. E depois. Acabaram-se os problemas do País? E da saúde? E da miséria reinante? etc. etc.
Não, não acabou nada. porventuira ficou tudo pior do que antes.
Sabem porquê? Porque em vez de se trabalha a sério para resolver os problemas do país, andamos metidos em guerras de alecrim e manjerona. Armados em gente importante, quando não temos onde cair mortos.
Proponho mais umas guerras, de imediato, para manter o pessoal ocupado e não pensar em coisas sérias: a droga, a prostituição e os direitos dos homossexuais. tudo coisas importantes para a "gente" resolver. É preciso salvar o mundo...

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