O apelo do divino... e a defesa da democracia

As religiões ganham força no mundo inteiro. Ao contrário do que muitos supunham, a modernidade não matou Deus. Guia e consolo para uns, Ele serve de pretexto a outros para dominarem, através da lei, até quem não professa a mesma fé. Com maior ou menor radicalismo, algum populismo e amplos meios de difusão, as religiões estão para ficar. Há quem se disponha a matar por elas.
«Courrier Internacional» - Sábado, 17 de Março de 2007


Não é a fé que preocupa, é a manipulação de que são capazes os que a promovem e os interesses que giram à sua volta que assustam.

O carácter criminoso e fanático do fascismo islâmico, o terrorismo global e a demência da fé são factos de que seria ingénuo duvidar e perigos que ameaçam as democracias.

A Al-qaeda já deu sobejas provas do ódio à liberdade, ao laicismo e à igualdade entre os sexos. As teocracias são a antítese da democracia e há um longo caminho a percorrer até à separação dos poderes e ao reconhecimento da igualdade dos sexos nos países párias.

À ameaça global responde-se com a vigilância global e não se percebe a liberdade que é dada aos mullahs para pregarem o ódio nas mesquitas europeias quando nos países de origem é negada a pregação da Bíblia ou da Tora e se proíbe a construção de templos de outras religiões.

Segundo um estudo de opinião, muito significativo e credível, o que os islamitas mais apreciam na Europa é a liberdade religiosa. Não são, pois, os crentes que comprometem a liberdade religiosa, são os clérigos que não prescindem de obrigar os fiéis a gozar os rios de mel e as 70 virgens que reservam aos mártires da fé (as mulheres não contam).

O multiculturalismo tem sido o pretexto que as religiões autóctones têm aproveitado para se infiltrarem nos aparelhos de Estado e ensaiarem o retorno ao passado, para evitarem o processo de secularização em curso nas sociedades civilizadas e tolerantes.

A fé é um assunto da esfera privada dos cidadãos, não é um assunto de Estado. A este cabe manter a estrita neutralidade e defender, assim, o direito de cada cidadão à prática de qualquer religião, apostasia, não-religião ou mesmo anti-religião.

Quando a insensatez e ferocidade do clero islâmico aconselhariam os Estados dos países democráticos a manterem uma estrita neutralidade perante as várias religiões, vemos os políticos ajoelharem-se e ampliarem o potencial de proselitismo gerador de guerras.

A negligência da laicidade torna os Governos cúmplices dos desvarios belicistas dos prosélitos das diversas confissões religiosas.

Comentários

Anónimo disse…
Tenho por mim que Fé para além de ser uma crença nas "verdades" da religião, será algo que as pessoas admitem como não passível de discussão.
Assim, respeitando muito o meu semelhante que tem Fé, eu prefiro ter sérias convicções, lutar por elas, discuti-las, etc..
Anónimo disse…
"À ameaça global responde-se com a vigilância global"

Se assim for o fanatismo religioso já terá ganho. Transformar os Estados democráticos do ocidente em Estados vigilantes e policiais em nome da defesa da democracia é, no mínimo, paradoxal. A instituição de um "Big Brother" para proteger a democracia é a morte da própria democracia.
Anónimo disse…
Com grandes ajudas do mundo democrático!Vejamos ,a dita democracia israelense fez tudo para tornar a OLP um movimento pragmático,oportunistico(tipo pina moura,não sei se me entende...)de corruptos com fervor democrático,e,fazer tudo por tudo para encorpar o Hamas,pq isso do materialismo dialético não é bom para as empresas,desculpem,para as democracias.
E o fundamentalismo cristão,não fala?O que são aqueles criminosos de guerra que ocupam a Casa Branca?gente da pior espécie que estásempre a falar com deus,mas claro,como ão os nossosamigos amaricanos já não é de bomtom falar disso.É a inducação
Anónimo disse…
O artigo de Carlos Esperança tanto critica o fundamentalismo islâmico como o fundamentalismo cristão. As religiões são há séculos uma das principais causas de morte, piores que o cancro e a sida.
Não se trata de instituir um Big Brother para proteger a democracia; trata-se de fazer respeitar, democraticamente, as leis da República.
Anónimo disse…
É preciso não esquecer o fundamentalismo partidário, há por aí uns cidadãos que encaram o seu partido, como se duma religião se tratasse, no PS, há muitos, são os tais fundamentalistas "xoxalistas".
Unknown disse…
"Dom Mar 18, 09:18:00 PM"

o que não é o seu caso, ó anónimo...
Mano 69 disse…
«(…)ameaça global responde-se com a vigilância global(…)»

Não será antes “pense globalmente, aja localmente"?

Eles "andem" aí!
Anónimo disse…
Ana

De "fundamentalista partidário", felizmente, não tenho nada, sou apartidário...livre. Gosto de estar com as boas decisões e de críticar as "cavalidades" que cada vez são mais.

Os políticos que temos a isso obrigam.

Do anónimo de 18, 09:18:00 PM

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