Kyoto II a Inevitabilidade das Quotas ou o Fim das Chaminés.

A energia renovável é uma das potencialidades económicas do sec.XXI e também uma janela de oportunidade ambiental face às alterações climáticas a que vamos assistindo neste início de século.
A Comissão Europeia tem tido um papel preponderante nas metas que tem fixado e negociado, com vista a implementação de um caminho europeu no sentido da substituição de pelo menos 20% das energias tradicionais pelas energias alternativas.
Nesta orientação tem um papel importante o governo português, que definiu ainda antes da união europeia, um cabaz energético em que pontificaram as energias alternativas.
O próprio Presidente da República fez recentemente um roteiro para a ciência e energia em que se evidenciaram os investimentos e os empreendimentos nesta área já em funcionamento em Portugal.
No entanto como salientou um comissário europeu, cujo nome não recordo, as energias renováveis não são uma solução mágica para a economia e muito menos para as referidas alterações climáticas. De facto a aplicação destas energias no sector dos transportes e na indústria poderá diminuir substancialmente a emissão de Co2, mas não resolve por si este problema.
Pensemos por exemplo numa fábrica de plástico cuja produção é alimentada por energia eléctrica, esta produzida através de um qualquer processo de energia renovável, nem por isso a fábrica deixa de emitir Co2 em grandes quantidades para a atmosfera.

Não basta impor quotas de emissão de CO2 é necessário resolver o problema do próprio CO2 eliminando-o ou procedendo à sua reutilização. È claro que a solução de Kyoto é melhor que nenhuma, mas pode não ser suficiente.
Aliás o problema das quotas de emissão, só por si, não resolve o desafio principal que é o da produção.
Na recente reunião do G8 houve alguma renitência dos EUA em cumprir os objectivos de Kyoto e bem se compreende, cumprir Kyoto para um país muito industrializado é deixar de produzir, pelo menos em parte, ora isso contraria a própria história da humanidade e o papel principal do homem, o desenvolvimento das sociedades através da produção.
A solução não parece ser deixar de produzir, mas sim produzir em condições de segurança.

Mas o facto é que existem soluções técnicas de captura do Co2 com o actual desenvolvimento das sociedades.
Os dois maiores focos de emissão de CO2 são a indústria e as habitações, e várias soluções técnicas poderão ser encontradas.
Em cada casa, por exemplo, existe um exaustor na cozinha, porque não instalar um exaustor com outras proporções e características, em cada prédio, casa ou bloco habitacional, para absorver o CO2 e lançá-lo numa rede, à semelhança do que existe com a rede de esgotos.



Parte II



Ou por exemplo, criar em cada fábrica uma estação de tratamento do CO2, ou um depósito que acumule aquele gás permitindo uma posterior transferência para uma grande estação, ou ainda a possibilidade de mediante pipeline fazer o lançamento desse gás para uma rede canalizando-o para uma estação de tratamento ou eliminação.
Põe-se o problema do seu tratamento, mas julgo que mediante um processo químico de solidificação, liquidificação, purificação ou separação dos dois átomos do CO2 poderá ser possível reutilizá-lo, nomeadamente na indústria, o que aliás já é feito por exemplo com a produção de carbono, gás carbónico etc, mas aqui em pequenas quantidades.
Naturalmente que isto seria o desejável, o tratamento deste gás com vista à sua reutilização permitindo assim uma rentabilidade financeira e uma maior difusão entre os privados.
Mas não sendo possível à ciência resolver o problema do seu tratamento com vista à sua reutilização, nomeadamente pela quantidade de gás acumulado, então a tarefa de eliminação deste gás competirá aos estados.

Uma coisa è certa compete em primeiro lugar aos países industrializados encontrar soluções técnicas que resolvam este problema, não basta poluir e aceitar este facto como uma inevitabilidade.
Naturalmente isto tem um preço e seria sempre mais cómodo lançar o CO2 no espaço, mas sabemos hoje qual o preço que começamos a pagar por este facto, e a fazer fé no princípio do poluidor- pagador também aqui tem plena aplicação.

Será pelo menos prudente, numa altura em que a Witricity (electricidade sem fios) ou o novo motor magnético (uma previsível nova fonte de energia limpa), dão os primeiros passos, não deixar de considerar a hipótese da eliminação das chaminés.

E então a imagem das grandes cidades industriais com numerosas fábricas, cada uma com a sua grande e bela chaminé a fumegar, ou a tradicional casinha com a sua bela chaminé apontada para os céus, será um hábito do passado.

Comentários

Anónimo disse…
Kyoto I, todos os devedores já pagaram o que deviam, inclusivé os E.U.A.?.
Kyoto II, não se sabe o que é, nada existe no papel; existe sim a "vontade"/necessidade (!?), de uma nova redacção. Actualmente é so (infelizmente) blá, blá, blá.
Anónimo disse…
não são só as "chaminés" que poluiem....
Miguel Carvalho disse…
Parabéns pelo comentário!! Andava há bastante tempo para escrever sobre isso.
Esse é de facto um ponto que muito poucas pessoas têm noção.
E não se aplica só ao C02, mas também aos biocombustíveis, às reciclagens, etc..
São melhor que nada, mas ao adoptá-los NÃO SE ESTÁ A RESOLVER O PROBLEMA. Infelizmente passa-se a passagem que com a reciclagem (p.ex.) se está a fazer bem ao ambiente... na realidade está a fazer-se "menos mal"

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