Momento de poesia

Fotografia: Afonso de Castro




TEMPO DINOSSÁURICO *


Ali, fala um tempo
que não é daqui, deste chão
que piso…
É um outro tempo mais profundo
a desafiar o cosmos
feito das raízes da Terra
e marcado nas pegadas de lama
agora transformadas em pedra…
Um tempo assombrado, telúrico e duro
de ermos e solidão
recuado aos espaços densos do Jurássico
habitado pelos ecos
dos urros lancinantes de dinossáurios gigantes
a sacudir montanhas, a apagar relâmpagos
e a calar trovões…
Ali, fala um outro tempo
a vencer lentamente a máquina
precisa e exacta do universo
a secar o silêncio dos rios, dos mares e dos pântanos
a enrugar rochas e sedimentos,
um tempo de cinza, vazio e sonâmbulo,
queimado pela lava dos vulcões…

Alexandre de Castro - Ourém, Janeiro de 2007

* Inspirado nas pegadas de dinossáurios (saurópedes)
na Serra d´Aire (Bairro, Ourém)

Comentários

Anónimo disse…
Muito bom! O tempo poderá passar mas as memórias irão perdurar... Os dinossauros existirão sempre! ...e os poetas também!
Graza disse…
Gostei desta força expressiva do "secar o silêncio" e do "enrrugar rochas e sedimentos"
Anónimo disse…
Adorei não tenho palavras é de facto muito bonito.

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