Moral, direito e descaramento

Comentário: A maior das ironias seria António Preto, deputado do PSD cujo nome apareceu associado a um processo de corrupção em 2003 no Centro de Exames da Tábua e que foi apanhado numa escuta policial em que recebia uma mala de dinheiro de um empresário da Amadora, vir a ser o relator do novo projecto de transposição da Directiva europeia de combate ao branqueamento de capitais.

Em tempo: Se as escutas foram ilegais a honradez não foi beliscada.

Comentários

Anónimo disse…
È sabido - pelo menos neste blog -que não nutro simpatia pelo PSD. Reconheço porém que sou colega do Dr. António Preto, com quem, nos poucos contactos que com ele tive, por assuntos profissionais, sempre tive boas relações.
Dito isto, parece-me extremamente duvidosa a legalidade das escutas em que se baseia o processo contra ele. É que, tanto quanto sei - e reconheço que, obviamente, não sei tudo - nenhum juiz autorizou escutas ao telefone dele; apenas foram autorizadas escutas ao cliente dele no processo de Tábua.
Ora, a lei proíbe a intercepção de conversas entre o arguido e o seu advogado.
Porém, tanto quanto penso saber, foi com base em escutas de conversas entre ele e o seu cliente, a pretexto do processo de Tábua, que lhe foi instaurado um processo a ele próprio por motivos que nada têm a ver com esse processo.
Tais escutas, entre um arguido e o seu advogado, parecem-me absolutamente ilegais e abusivas.
Poderá dizer-se que me baseio em razões puramente formais. Mas, num regime democrático, há certas "formalidades" que são essenciais à defesa dos direitos dos cidadãos e que por isso não podem em caso nunhum ser preteridas.
Anónimo disse…
AHP:

Perfeitamente de acordo com a sua argumentação. No plano jurídico, pelas razões apontadas, não deve ser arguido. Aliás, a quantidade de escutas é algo que me perturba e que só pode significar incompetência de quem investiga.

Mas eu falo no plano político.
«António Preto alegou que as escutas telefónicas que o comprometem eram nulas já que como deputado gozava de imunidade».

Se ele próprio acha que as escutas o comprometem, embora irrelevantes no plano jurídico, terá condições para se manter na política?

No meu ponto de vista, não.

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