Notas soltas - Junho/2008

Manuela Ferreira Leite – A resignação à qualidade de conselheira de Estado, como convidada pessoal do PR, marca já a diferença ética que a separa do seu antecessor na liderança do PSD.

Combustíveis fósseis – A imparável subida dos preços não se limita a alterar os nossos hábitos, impede a manutenção do nível de vida que julgávamos continuamente ascendente.

EUA – A vitória de Obama e o apoio de Hillary Clinton trazem algum optimismo aos que gostam da América, decepcionados com os dois trágicos mandatos de Bush.

Manuel Alegre – Há deveres de lealdade partidária contrários ao vedetismo e a eventuais projectos pessoais mas as declarações de José Lello mostram que vale mais um verso do poeta de que as obras completas do crítico.

10 de Junho – A liturgia e a linguagem lembram as celebrações da ditadura que, nesta data, usava os mortos e estropiados da guerra colonial para exaltação do regime.

Estoril Sol – Quando se fazem leis à medida, para abrir o precedente da oferta de um edifício à empresa concessionária do casino, fica a suspeita. Por mais honestas que tenham sido as intenções de Durão Barroso, Santana Lopes e Telmo Correia.

Movimento Mérito e Sociedade (MMS) – O nascimento do novo partido político devia merecer uma saudação mas, à semelhança do que acontece em partos mal feitos, adivinha-se um nado morto. O MMS devia ter feito uma ecografia prévia.

Camionistas – Por trás dos que bloquearam o país e alteraram a ordem pública, estavam empresários que provocaram as forças de segurança e desafiaram a democracia. Tratou-se de um «lock out» e não de uma greve.

Camionistas (2) – António Lóios e Vieira Nunes são destacados militantes partidários. Ao violarem a ordem pública e incitarem à arruaça, se não forem expulsos, o partido a que pertencem torna-se cúmplice do caos e vandalismo que provocaram.

União Europeia – A morte do Tratado de Lisboa às mãos do referendo irlandês é má notícia para os europeístas e um grave acidente para o futuro colectivo dos países que a integram, independentemente dos truques para o salvarem.

Apito Dourado – Desta vez penso que haverá consequências. Se não for possível condenar os arguidos, por recusa das provas, pelo menos as testemunhas serão punidas.

Estatuto dos Açores – Se não fosse o aviso do Presidente da República o diploma teria ido ainda mais longe. A unanimidade da AR surpreende, porque não consegue criar as cinco regiões no Continente.

Acordo ortográfico – Os adversários são obstinados mas a língua portuguesa é comum a centenas de milhões de falantes e não pode ser confiscada por sábios, capazes de aprisioná-la para a converterem em dialecto lusitano.

Zimbabué – Robert Mugabe é um déspota acossado por crimes e pela ruína do país. Com medo do cárcere, do exílio ou da morte, não vacila no assassínio dos opositores tentando evitar o seu. As eleições que faz são uma farsa.

União Europeia – O fim do bloqueio a Cuba foi uma decisão sensata que aliviará o sofrimento do povo e vai contribuir para a inevitável abertura do regime.

PSD – A vitória de Manuela Ferreira Leite foi um rude golpe no populismo e na deriva do partido que durava desde o fim do cavaquismo. Resta saber o que lhe reservam os caciques, que a odeiam, e os ultraliberais que a cercam.

Rosa Coutinho – Uma carta falsa que instigava Agostinho Neto a matar crianças brancas, uma montagem nojenta para destruir o almirante, enganou António Barreto, que lhe apresentou desculpas, mas continua a ser citada por quem tem falta de carácter ou de informação.

CAP – A Confederação dos Agricultores Portugueses, habituada a confiscar os subsídios de Bruxelas e a mandar no ministério da Agricultura, devia ver divulgadas as verbas recebidas e ser obrigada a justificar onde e como as aplicou.

TGV – A ligação de Lisboa a Bruxelas é urgente para evitar que Portugal fique arredado da rede europeia de alta velocidade. Os quatro itinerários de Barroso/Ferreira Leite/Aznar só se justificam se compromissos de Estado os tornaram irreversíveis.

Vaticano – Triunfou o cisma dos sequazes do bispo Lefebvre, grupo de extrema-direita que rejeita as reformas do concílio Vaticano II. Bento XVI abençoou os excomungados e falta agora declarar cismático o concílio que os hereges repudiaram.

Ramos Horta – A recusa da candidatura a Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos é um acto de carácter que define o patriotismo e a nobreza de quem se recusa a abandonar as funções que o povo de Timor lhe confiou.

Comentários

JPM disse…
Há em Lisboa quem queira tirar do novo estatuto dos Açores a expressão "povo açoriano", apenas "limar umas arestas" dizem eles..

Não custa ler:

http://fiatluxcarpediem.blogspot.com/2008/05/judite-jorge-sobre-polmica-povo-aoriano.html

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides