Notas soltas - Julho/2008

Bispo do Porto – Há cinquenta anos D. António Ferreira Gomes escreveu uma carta a criticar Salazar. A coragem e a honra custaram-lhe dez anos de exílio e o silêncio de todos os outros bispos, cúmplices da ditadura.

Nuno Álvares Pereira – A canonização do herói dos Atoleiros, Aljubarrota e Valverde merecia um milagre maior do que a cura do olho esquerdo de uma sexagenária, queimado com óleo de fritar peixe. Um herói transformado em colírio.

Colômbia – A libertação de Ingrid Betancourt e de outros reféns das FARC foi uma merecida derrota dos terroristas mas cabe lembrar que Uribe não é democrata, que há outros reféns e que milhares de meninos são mobilizados para a guerrilha.

Obras públicas – Quando Manuela Ferreira Leite contesta projectos que aprovou como ministra das Finanças, desacredita-se, desacredita o PSD e lança a insegurança nos agentes económicos que planeiam a sua actividade.

Cavaco Silva – A intromissão nos projectos do Governo reflectir-se-á no juízo que os portugueses farão do seu mandato. Se perder a confiança em Sócrates só tem que o demitir, não tem o direito de lhe dificultar a governação.

Eutanásia – Um tribunal italiano só autorizou a cessação de alimentos a uma mulher, agora com 35 anos, após 16 anos de coma irreversível. Entretanto a Espanha avança para a legalização enquanto em Portugal o tema se mantém tabu.

Irão – As permanentes ameaças à existência de Israel, os desafios à comunidade internacional e a exibição de mísseis transformam anti-sionistas em aliados de Israel. Os aiatolas são um perigo para os próprios iranianos e para o mundo.

A. J. Jardim – A ameaça de aprovar uma proposta de revisão constitucional na Madeira, feita em Caracas, ao estilo de Hugo Chávez, é um desafio ao PR, Governo e AR, órgãos da soberania de quem se exige firmeza perante as provocações.

Zimbabué – O veto da Rússia e da China ao agravamento das sanções ao ditador não resultou da previsível ineficácia ou do prejuízo para as populações, foi o acto natural de quem tem telhados de vidro.

Energia nuclear – O que até há pouco era heresia já é uma possibilidade que, em breve, se tornará uma exigência, enquanto a incerteza sobre o futuro colectivo do Planeta se adensa.

Afeganistão – Em Kandahar, por cada 100 mil partos morrem duas mil mulheres, enquanto em Portugal morrem cinco. Até para ter filhos é preciso nascer no país certo.

Timor – A explosão demográfica, sem qualquer planeamento familiar, é uma bomba que agrava os conflitos e uma tragédia que torna o pequeno país cada vez mais pobre, violento e vulnerável.

Madeira – Segundo o secretário regional dos Assuntos Sociais, ao contrário do continente «continuará a não encerrar serviços de saúde de proximidade e vai manter toda a prestação de cuidados sem pagamento de taxas moderadoras». É bom ter quem lhe pague o que todos gostaríamos de ter.

Adultério – No Irão foram condenados à morte por lapidação, pena do agrado de Maomé, nove acusados, oito mulheres e um homem. Há casos de violência doméstica e réus sem cultura para perceberem do que são acusados. Teocracias!

Acordo Ortográfico – Coube ao Prof. Cavaco Silva subscrevê-lo, em 1985, como primeiro-ministro e agora ratificá-lo, como PR. É o mínimo necessário para evitar que se agrave o desentendimento entre 220 milhões de falantes.

Espanha – A perda de influência de velhos franquistas e dos fiéis de Aznar, permitiu a Mariano Rajoy uma postura de Estado e estabelecer pactos com o Governo, tendo em vista o reforço da luta contra a ETA e a reforma da Justiça.

Barack Obama – A recepção apoteótica que a Europa lhe prodigalizou deve-se à esperança que inspira e, sobretudo, às cicatrizes de dois mandatos de George W. Bush.

Chão da Lagoa – O circo de A. J. Jardim mantém os figurantes, os discursos e os insultos do costume. A líder do PSD afastou-se do sítio, tão pouco recomendável e mal frequentado, preferindo os Açores.

Pena de morte – G. W. Bush autorizou a execução de um soldado americano condenado, saudades de antigo governador do Texas onde nunca antes tantas execuções tinham sido autorizadas.

Jogos Olímpicos – A ilusão de que o regime pudesse democratizar-se e abrandar a violência é o grande fracasso do espectáculo preparado para deslumbrar o mundo.

TPI – O julgamento do ex-líder bósnio-sérvio, Radovan Karadzic, indicia que os crimes não ficam impunes, mas é desolador saber que o Tribunal não contempla a Rússia, China e EUA, quiçá os países com maior potencialidade de fornecerem arguidos.

Estatuto dos Açores – A comunicação do presidente da República, infeliz quanto à forma, foi pedagógica e necessária, a ressarcir o silêncio incompreensível em relação às provocações da Madeira.

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