Cavaco – líder da oposição de direita?

AVisão refere que Cavaco Silva não enviou cumprimentos a Carlos César quando este ganhou as eleições regionais dos Açores. Este gesto, depois de várias intervenções que indiciam uma intolerável ingerência partidária, torna-se ainda mais lamentável.


O respeito que é devido ao Presidente da República impede que se traga à colação o ex-primeiro-ministro homónimo, com deficiente cultura cívica e frágil mandíbula, incapaz de deglutir a quantidade de bolo-rei que armazenava na cavidade bocal.


Fica, pois, para os historiadores, o Governo que censurou Saramago e deu a Portugal governantes da estirpe de Santana Lopes, Durão Barroso, Sousa Lara ou Costa Freire, exemplar no controlo de custos das obras públicas cujo paradigma foi o Centro Cultural de Belém.


Esqueça-se o gesto pequenino de humilhar o PR de então, por acaso, o grande obreiro da entrada de Portugal na UE, arredado das cerimónias oficiais pelo primeiro-ministro português, que presidiu, graças a esse predecessor, aos destinos da Comunidade.


Os portugueses percebem que, após Soares e Sampaio, era difícil a qualquer presidente ombrear com os antecessores, com vasto currículo na luta pela liberdade, antes do 25 de Abril, e com notável estatura política, mas a nobreza do cargo exige que, embora mais modestamente, o mandato seja desempenhado com decência.


É dever de todos ajudar o Professor Aníbal a terminar este mandato com dignidade, sem novos tropeções em dias da raça, de ressonância salazarista, sem ambição de vergar a AR à sua pia visão do mundo, como na lei do divórcio, ou renúncia às boas maneiras, como no esquecimento dos cumprimentos a Carlos César.


Para isso, não pode converter-se no porta-voz de Manuela Ferreira Leite nem assumir a liderança da oposição de direita. Se entrar na luta partidária arrisca-se a ser derrotado e, em caso de vitória, a perder o respeito que lhe é devido pelas funções que exerce.


A postura de Estado é incompatível com a vingança e o ressentimento mas a escolha é do PR.

Comentários

andrepereira disse…
Não tenham ilusões... Não passa disto: arrogância da direita...
Mas, sim, "vamos ajudar o PR a terminar o mandato com dignidade..."
Caro André:

Obrigado. Pelos vistos, já somos dois a ajudar o PR a terminar o seu mandato com dignidade.
andrepereira disse…
é o que ficará destes 5 anos... é uma certa condescendência para com o Senhor Professor...
Volta Guterres!
Anónimo disse…
tinha acabado de escrever um comentario no Camara Corporativa,

exactamente no mesmo sentido,

relativamemnte às trapalhadas da Presidencia,

no caso, relativas a um artigo de opinião de Mario Crespo

Tornemos num grande designio nacional

esta necessidade de todos ajudarmos CS a terminar com dignidade o seu presente mandato "presidencial".

abraço
Aires:

Já somos três ;-))

Abraço.
Lídia Garcia disse…
Contem comigo, que também gosto de me envolver nos grandes desígnios nacionais e - perdoem-me a imodéstia - de ser solidária com quem precisa...

Um abraço
ana disse…
O homem não resiste, entrou definitivamente em campanha eleitoral.
Lídia e Ana:

No mínimo, se bem percebo, já somos cinco a tentar ajudar o PR a terminar o mandato com dignidade.

Mas ele tem de fazer alguma coisa por isso.
Manel disse…
Que termine o primeiro mandato com dignidade, para que não exista o segundo.
Lídia Garcia disse…
Obrigada, Carlos, por ter acabado o meu raciocínio...
É claro que o PR tem de fazer um pouco mais, e bem melhor, do que nos últimos tempos! Assim, não há boa vontade que chegue, apesar de sermos tantos e cada vez mais a querer ajudar...;)
Um abraço!

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