Espaço dos leitores

Ninguém tem a verdade toda.

Comentários

Graza disse…
“Ninguém tem a verdade toda”. Certo! A palavra “toda”, admite que algum possa ter mais verdade do que o outro, e também pode admitir que algum possa ter bastante mais do que o outro. Ou o outro ter um naquinho tão pequeno da verdade que nem Salomão teria dúvidas.
Graza disse…
Esqueci-me de acrescentar que entendo que há um que tem muito mais razão do que o outro, quanto mais não seja porque já a tem desde o início, e que o outro joga com uma vulnerabilidade da verdade: a sua fragilidade ao tempo.
e-pá! disse…
Olhando para o “boneco” do post alusivo ao conflito israelo-palestino a constatação de que “Ninguém tem a verdade toda” , leva-nos a uma espécie de ausência deste terrível conflito.
E “ninguém tem a verdade toda”, por variados motivos:
• as relações de força são diferentes;
• colocamo-nos “acima” do conflito, quando, “na verdade”, fomos os seus precursores;

No caso do último conflito de Gaza a nossa “não-procura da verdade” leva-nos a condenar, simultaneamente, o Hamas e Israel.
O primeiro, pelo lançamento de rockets sobre Israel e, o segundo, pelo uso das suas forças de modo “desproporcionado”.
Esta posição de equilíbrio quase tranquiliza as nossas consciências. E se digo, quase, é porque, centenas ou milhares de mortos e a devastação de um território, não podem conduzir a consciências tranquilas…

Mas a palavra “desproporcionado” encerra outros significados.
Incorporam atitudes exibicionistas de uma incontestável superioridade militar.
São, de facto, demonstrações públicas de relações de força dispares.

Perante isso, os lançamentos de rockets são, em termos militares, flagelações ou, se quisermos ser mais requintados, provocações militares que, em termos de proporcionalidade, representam “cócegas”.

Quando o exército israelita ataca exibe, desde o início, um potencial de fogo aéreo avassalador que mata indiscriminadamente (não há intervenções cirúrgicas), destrói infraestruturas fundamentais à vida económica e social e, por fim, acaba por humilhar o poder instituído, invadindo o terreno, com infantaria e cavalaria (tanques), para iniciar uma caça de casa a casa, homem a homem.
A maior humilhação de um povo é a ocupação territorial.

Enquanto, isso, levantemos a hipotese que os militantes do Hamas, aqueles que lançam os rockets, são os descendentes dos expulsos ou desalojados das suas terras em 1948.
Do outro lado, os israelitas adquirem direitos de possessão por terem nascido “judeus”, pela evocação dos textos bíblicos ou, ainda, pelo exploração do trauma que foi, e continuará a ser, o holocaustro.

No meio de tudo isto é, de facto, difícil, manter-se verdadeiro. Quanto mais reclamar possuir toda a verdade…

Dizia Nietzsche:
Quando por acaso a verdade conseguiu vencer, perguntai a vós próprios com uma forte desconfinaça: “Que poderoso erro se bateu por ela?”
in, Assim Falava Zaratustra.

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