A morte de Eluana Englaro

Ninguém estranha as palavras de Sílvio Berlusconi mas não podemos deixar de nos preocupar com as suas exóticas decisões.

Sabemos que o homem é pródigo a produzir legislação em benefício próprio e que não hesita em produzi-la também para satisfazer as crenças dos caciques políticos e religiosos que o conduziram ao poder.

Mas há um limite para tudo e para todos. Até para Berlusconi.

Agora que os pais de Eluana Englaro podem fazer o luto, agora que terminou um calvário de 17 anos para os pais da mulher que os preconceitos condenaram à respiração assistida por tempo indeterminado, é tempo de julgar no pelourinho da opinião pública o comportamento do Bento 16 e o de Berlusconi, este pelo decreto à medida de um caso concreto.

Não censuro as crenças, mas condeno ao primeiro que as quisesse impor a todos e ao último que tenha desprezado o veredicto dos Tribunais e se dispusesse a alterar a Constituição para satisfazer as convicções papais.

Hoje, em Udine, algures em Itália, os pais da jovem que morreu, de facto, há 17 anos, podem finalmente começar a fazer a luto após a luta dolorosa para que lhes fosse possível libertar a filha da vida vegetativa.

Sobram argumentos para execrar a atitude dos cúmplices da lúgubre novela em que Bento 16 e Berlusconi, dois aliados de há muito, se envolveram.

Mas basta, para a posteridade, registar os argumentos das duas criaturas para obrigarem a medicina a manter viva a mulher que jazia em coma profunda há 17 anos:

Pode haver um milagre, asseverou o Vaticano, habituado a fabricá-los. Ainda «está em condições de ter bebés» - garantiu Berlusconi.

Não sei o que é mais indigno, se o humor negro ou a falta de sensibilidade.

Comentários

Anónimo disse…
Eluana foi libertada.... pra desgosto do nazista e do mafioso....

o sadismo de Nazinger e Don Berluscorleoni são nojentos!!!

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