Reacções a uma campanha europeia


O PS e o PSOE entendem o que é a Europa porque essa ideia lhes está na massa do sangue. O internacionalismo, o europeísmo, o gosto de estar na vanguarda de um projecto de paz e solidariedade são para os socialistas como o ar que respiramos.

Herdeiros de uma honrosa e nobre tradição, Sócrates e Zapatero fizeram o seu dever, dando nível, nível europeu e de vanguarda! ao arranque desta campanha, em que estão em causa basicamente as seguintes questões:

- terá a Europa a ousadia da mudança?
- será a Europa capaz de dar continuidade à revolução tranquila iniciada a 4 de Novembro de 2008 nos EUA?
- em termos mais concretos, conseguirão os povos europeus pôr finalmente um fim à terrível hegemonia do PPE (Partido Popular Europeu, de que fazem parte o PSD e o CDS) no Parlamento Europeu?
- conseguiremos todos nós explicar aos nosso concidadãos que esta hegemonia da direita conservadora e neo-liberal tem destruído a Europa Social, tem contribuído para a inoperância política e militar da Europa e tem consolidado uma Europa do mercado em desfavor da Europa da cidadania?

É isso que está em causa no dia 7 de Junho. Finalmente, tirar a maioria absoluta da Direita que tem dominado a Europa nas últimas décadas.

Consciente disso, Manuela Ferreira Leite exclamou (e cito de memória): "os socialistas estão unidos, também nós temos que ter a força para nos unirmos para continuarmos a ter o Parlamento Europeu nas nossas mãos!"

Exacto, a direita conservadora e neo-liberal, depois de abandonarem a doutrina social da igreja nos anos 80 e terem abraçado o neo-liberalismo e o projecto de desmantelamento do Estado Social e de terem mergulhado o mundo e a Europa na maior crise económica e social desde a Segunda Grande Guerra (guerra esta causada não por esta Direita, mas por outra mais conforme aos ventos de então...) - depois de fazerem tudo isso, já só vos resta um projecto político:
- conservar nas mão o Parlamento Europeu
- dominar o Conselho Europeu
- controlar a Comissão Europeia
e manipular o Banco Central Europeu nos interesses do monetarismo, da economia dos números sem rosto, da especulação bolsista e do desmantelamento do aparelho produtivo.

Sócrates e Zapatero, conscientes de que o momento dos socialistas chegou, cumpriram o seu dever e procuram dar dimensão e qualidade ao debate europeu.

Quais as respostas dos nossos opositores?

O Dr Melo com um nacionalismo parolo pede ao Eng. Sócrates que fale português...

A Dr. Manuela Leite, com ar solene e zangado, demonstra o seu total desrespeito pela democracia e pelo papel da vida partidária e faz um ataque soez ao Primeiro-Ministro. Uma senhora zangada, a quem num país civilizado, restariam duas semanas de carreira política.
Explico: a derrota do PSD nestas eleições, numa altura em que o país atravessa a maior crise económica e social - importada da decadência do capitalismo de casino especulativo internacional - desde 1983 (esta anterior causada por Cavaco Silva, incompetentíssimo Ministro das Finanças, e por Pinto Balsemão, Primeiro-Ministro, de que nos salvamos pelo esforço gloriso de Soares e Mota Pinto)... - dizia - que se o PSD perder estas eleições, não é admissível que esta Senhora continue a apresentar-se como líder da oposição.

Mas o cúmulo da irresponsabilidade vem do candidato Rangel. Este senhor demonstra uma total falta de sentido de Estado e, num país civilizado, as suas afirmações mereceriam o repudio imediato da líder do partido e dos restantes membros da direcção do PSD.
O silêncio dos dirigentes do PSD, de todos e cada um dos constantes desta lista, tem como consequência que todos e cada um são responsáveis politicamente pela enorme gravidade do que o candidato Rangel disse.
O silêncio aqui tem valor político muito claro e é imperdoável.

Rangel fez um claro ataque nacionalista, de tom salazarista, com tiques parolos e serôdios, à Espanha! Não apenas a Zapatero, nem sequer, o que já seria muito grave, ao Governo espanhol, mas à Espanha no seu todo! Responsabiliza a Espanha pela crise em Portugal!

Nem vou analisar o facto de a Espanha e Portugal, de todos os 27, serem os que vão passando pela crise menos mal.
Ao contrário das neo-liberais economias da Europa de Leste, os socialistas ibéricos conseguem manter a paz e a coesão social e não perder tanto PIB quanto os outros, designadamente os países liderados pelos conservadores como a Alemanha e a Itália.

O que interessa realçar é que o PSD, um partido com aspirações a voltar a ser Governo, estar a pactuar numa escalada verbal contra Espanha, que não ouvíamos desde 1973... Ou se calhar desde 1641...!

Rangel anda de cabeça perdida, por falta de projecto e de ideário político.
Perante o desmoronamento do neo-liberalismo de que ele era um dos rostos "jovens", apenas lhe resta o ataque grosseiro à pessoa dos adversários, perdendo a noção da dignidade e do respeito pelos nossos parceiros europeus.

Comentários

polytikan disse…
não sabia que vozes de burro já chegavam ao céu. então o andré pereira perde o seu rico tempinho a comentar as barbaridades naturais do "papas maizena"? aquele ar anafadinho faz-lhe sentir pena?...
pergunte-se antes de onde lhe vem o gás: como chegou a líder do grupo parlamentar e a cabeça de lista às europeias de um dia para o outro. pergunte-se de onde lhe vem o dinheiro, e logo verá com quem está a falar...
andrepereira disse…
ora aí está uma bela questão. Se nos puder dar alguma informação, agradecemos! De facto a carreira é meteórica e será que isso s´+o se deve ao seu estilo combativo?

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