Alemanha vira à direita

A esta hora, tudo indica que a coligação preto/ amarelo, isto é, CDU (União democrata-cristã)/ FDP (Partido Liberal ou Partido da Liberdade) poderá formar Governo no maior país da União Europeia.

Perante uma grave crise do capitalismo e do projecto neo-liberal, os eleitores alemães refugiam-se nas ideias conservadoras dos cristãos-democratas e na visão liberal e de reforma do modelo social apresentado pelo Partido Liberal, o que parece um paradoxo.

Os social-democratas/ socialistas partem com uma pesada derrota para a oposição, depois de 10 anos no Governo: os primeiros 6 anos com os Verdes, os últimos 4 em aliança com os Conservadores.
Talvez seja a melhor cura para o enorme desgaste que foram sofrendo à sua esquerda, perdendo mais de 20% para a extrema-esquerda e para os ecologistas.

É um sinal, mais um, da crise do socialismo europeu. Depois de um domínio da vida política europeia nos anos 90, com a vaga da terceira via, regressa à sua posição de "chalenger" dos poderosos partidos populares e conservadores.

Exige-se um novo socialismo democrático, uma nova mensagem, uma nova forma de fazer política, à escala europeia.

Não se compreende, por exemplo, que o SPD se propusesse abandonar o Afeganistão!

Numa altura em que a Alemanha perde o protagonismo de outrora com a ascensão de outras economias industriais e de exportação, num tempo em que a demografia germânica se revela fria e cinzenta com o país a perder população, sobretudo população activa, a cada ano que passa; com a sua pujança científica e universitária a ser ameaçada por outros pólos de desenvolvimento e sobretudo pelos super-poderosos espaços anglo-saxónicos e pela nova Ásia, a resposta não pode ser o recolhimento às casernas, ao isolacionismo do pós-guerra, a uma postura passiva nas relações internacionais.

Os partidos socialistas/social-democratas não se podem demitir de ser os primeiros a exigir reformas (como aliás Schröder fez - e bem! - nos anos 90) e de protagonismo na cena internacional (como aliás o Verde Fischer revelou no seu tempo).

Julgo que esta viragem não chegará a Portugal, porque exactamente aqui são os partidos da direita que se revelam mais fechados e com menos ambição e sem projectos mobilizadores.

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