Situação explosiva na Nigéria após massacre de cristãos

(Guerra religiosa na Nigéria)

A pobreza e a ignorância ampliam a violência enquanto o tribalismo e a fé agravam a crueldade e o petróleo se torna maldição.

A Europa condói-se com uma única criança caucasiana que morre de acidente mas fica insensível perante centenas de crianças negras que todos os dias falecem em África, por doença, à fome, vítimas das lutas tribais e religiosas. Na Nigéria, o duelo religioso em curso mata homens, mulheres grávidas e crianças, mutilados à catanada ou queimados vivos, numa orgia sangrenta detonada por religiões que baniram os deuses autóctones.

Desta vez – dizem os sobreviventes e as autoridades locais – foram criadores de gado, nómadas muçulmanos da etnia fulani, que mataram cristãos sedentários da etnia berom.

Em África assiste-se à disputa entre o islão e um cristianismo radical. O islão, apoiado pela Arábia Saudita, medra nos países do Sahel (Senegal, Mali e Níger) e o cristianismo evangelista ganha terreno na África do Sul, Costa do Marfim, Benim e Libéria com a ajuda dos EUA e das grandes igrejas evangelistas. O cristianismo mais prosélito contra o mais fanático islamismo. Dois fascismos teocráticos em confronto.

(O Sahel é a região da África situada entre o deserto do Sahara e as terras mais férteis a sul). Normalmente, incluem-se no Sahel o Senegal, a Mauritânia, o Mali, o Burkina Faso, o Níger, a parte norte da Nigéria, o Chade, o Sudão, a Etiópia, a Eritreia, o Djibouti e a Somália. Por vezes, usa-se este termo para designar os países da África ocidental, para os quais existe um complexo sistema de estudo da precipitação. (Wikipédia).

Os EUA e a Europa, cujos dirigentes dependem dos votos religiosos, traíram a herança laica. Os primeiros esquecem a Constituição outorgada por quem fugiu aos horrores das guerras religiosas da Europa e que trata as religiões em pé de igualdade com as outras associações. Os europeus esquecem que a liberdade de que gozam só foi possível com a paz de Westfália que pôs fim à sangrenta Guerra dos Trinta Anos, em luta contra Roma.

À medida que a laicidade vai enfraquecendo, jorram com a violência da fé os conflitos provocados pelos que não se satisfazem com o deus que lhes coube e insistem em impô-lo aos outros.

A laicidade do Estado, sem tibiezas, é condição sine qua non para a preservação da paz mas as religiões gozam de direitos que lhes permitem semear o ódio e fazer a guerra sem sanções penais.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

O paradoxo que nos leva a chorar uma criancinha morta (aqui na rua) enquanto não nos comovemos com os massacres de milhões (algures no mundo) foi referido por Eça na crónica «As catástrofes e as leis da emoção». É a história do pé da Luisinha Carneiro, que pode ser lida [aqui].
. disse…
O discurso de Allen West legendado em português.

http://tambemistoevaidade.blogspot.com/2010/03/o-discurso-de-allen-west-legendado-em_11.html
e-pá! disse…
Na Nigéria contestam-se o número de mortes por assassínios étnico-religiosos registados no massacre de Jos, como cá os Sindicatos e o Governo degladiam-se nas percentagens das greves na função pública.

O chefe de polícia do Estado de Plateau, na Nigéria, afirmou nesta quarta-feira (10) que o massacre do fim-de-semana passado provocou109 mortos. Qualificou como falsos os balanços divulgados por funcionários do governo que anunciaram 500 mortes.

Bem.
O número de mortes é importante estatisticamente falando e pode condicionar as respostas políticas do Governo nigeriano, mas em nada altera a gravidade da barbárie praticada. Mesmo que o "balanço" revelasse uma única morte…

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