G20 e a crise "emergente" ...


Apontamento acerca do:
COMUNICADO DA REUNIÃO DOS MINISTROS DAS FINANÇAS E GOVERNADORES DOS BANCOS CENTRAIS DO G 20
República da Coreia, 5 Junho de 2010.



" 1. …

2. A economia global recupera a um ritmo mais rápido do esperado, embora desigual entre os países e regiões. No entanto, a recente volatilidade dos mercados financeiros lembra-nos que permanecem em aberto desafios significativos e ressalta a importância da cooperação internacional.
A forte resposta política [“strong policy”] do G20 face à crise desempenhou um papel pivot [crucial] na retoma [restoring] do crescimento e na salvaguarda da recuperação [recovery] do ritmo [de crescimento] e do emprego. Congratulamo-nos com as acções levadas a efeito pela EU, BCE e FMI. Devemos prosseguir com politicas económicas coordenadas. Os recentes acontecimentos [económico-financeiros] demonstram a importância da sustentabilidade das finanças públicas e a necessidade dos países porem em prática medidas credíveis favoráveis ao crescimento económico, obterem uma sustentabilidade fiscal, diferenciada e adaptada às circunstâncias nacionais.
Os países com graves [serious] desafios fiscais necessitam de acelerar o ritmo de consolidação [orçamental].
São bem-vindos os recentes anúncios - de alguns países – no sentido da redução dos seus deficits [] em 2010, bem como o reforço dos órgãos e instituições [frameworks] fiscais e orçamentais. Dentro das suas capacidades os países deverão expandir os recursos internos para o crescimento, mantendo a estabilidade macroeconómica. [Estas medidas] ajudarão a garantir a recuperação em curso.
Para além disso, existe a necessidade de promover as reformas estruturais e políticas de desenvolvimento, nomeadamente, o apoio aos países mais pobres, bem como, [o desenvolvimento de] esforços para o refrear [refrain] das barreiras comerciais e de investimento e a abolição [resist] de medidas proteccionistas.
Uma política monetária continuará a ser necessária e adequada para conseguir a estabilidade dos preços e, deste modo, contribuir para a recuperação [dos países que integram o G20, supõe-se].” (tradução livre)

3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 & 10.


Uma [rápida, a “quente”] análise deste “comunicado final” referente à recente cimeira dos G20 é extremamente esclarecedora das múltiplas fracturas existentes entre os "países emergentes" e o "mundo financeiro" [o grande responsável pela "crise", convém sublinhar]

O G20 ao congregar países de África, Ásia e da América [ África do Sul, Egipto, Nigéria, Tanzânia e Zimbabwe (continente africano); China, Filipinas, India, Indonésia, Paquistão e Tailândia (Ásia); Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela (América)] está nos antipodas [económico e de estratégias de desenvolvimento] do “eixo financeiro & bolsista” mundial [Nova York, Frankfurt, Londres, Tóquio, Hong-Kong, etc.].


A retórica evasiva que informa o ponto 2. deste comunicado [na aparência o mais importante em definições estratégicas] mostra como o Mundo está [continua] dividido entre profundos conflitos de interesses. Interesses aparentemente inconciliáveis. Entre a necessidade [para os países emergentes] do desenvolvimento de relações comerciais abertas e sem constrangimentos proteccionistas, nomeadamente, para o sector primário da economia [um mercado comercial aberto] e a sinuosa e densa situação do mundo industrial e financeiro [e os “seus” mercados económicos & financeiros, actualmente em profunda crise] acantonado nos EUA e na Europa, vai uma distância abissal.
Enquanto os países do G20 estão empenhados em evitar uma catástrofe económica global que questionaria a sua situação “emergente”, o eixo financeiro [euro/norte-americano] tenta evitar uma nova grande depressão que colocaria em causa o domínio económico e financeiro mundial. Interesses incompatíveis, quando não diametralmente opostos, inquinam a desejada [e necessária] “cooperação internacional”.

Na verdade, existem [têm co-existido], neste planeta, vários “mundos” que as sucessivas crises têm vindo a revelar.

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