CRENÇA, JEJUM E ABSTINÊNCIA

Devido ao fim de semana, só agora tive ocasião de ler o post de Carlos Esperança com o título acima transcrito e respectivos comentários, e não posso deixar de discordar de Manolo Heredia, designadamente em dois pontos.
1. Como é sabido, a generalidade das mulheres muçulmanas não têm clitoris, por ele lhes ser barbaramente amputado na infância. Muito difícil será, assim, terem prazer sexual. E mesmo que algum, apesar disso, pudessem ter, duvido que o Corão o admitisse; tudo me leva a crer que esse Livro deve considerar o prazer sexual feminino como uma pecaminosa lascívia, assim como o catolicismo considera pecado mortal a "luxúria".
Quanto ao homem, só mesmo um selvagem pode sentir grande prazer no acto sexual se o não fizer sentir também à parceira. De qualquer modo, um homem jovem, depois de um mês de abstinência, deve ter uma tal "fome" que a subsequente "queca" dificilmente durará mais que um frustrantíssimo minuto!
Portanto, meu caro Manolo Heredia, tenho para mim que a requintada ou sofisticada sexualidade da civilização europeia é, mesmo com preservativo, muito mais gratificante que a cavernícola. Mas não se diga que estou a ser eurocêntrico; reconheço que em matéria de erotismo temos muito a aprender com os chineses e com os indianos (basta lembrar o Kamasutra).
2. Por outro lado, também não me parece que a religião seja necessária ou sequer útil para fomentar as virtudes cívicas que refere no seu segundo comentário, como por exemplo trabalhar e não cometer crimes.
Por um lado, as religiões fomentam o parasitismo de uma chusma de padres, frades e freiras, monges e monjas, e a fraca produtividade de populações obrigadas a interromper o trabalho várias vezes por dia para rezar. Se calhar é por isso que a generalidade dos povos muçulmanos são tão pobres apesar de viverem em regiões muito mais favorecidas em riquezas naturais (v.g. o petróleo com que nos esmifram) do que as nossas.
Por outro lado, não me parece que os ateus e os agnósticos tenham menos civismo, trabalhem menos ou cometam mais crimes que os crentes; antes muito pelo contrário. Se se fizesse um inquérito nas nossas prisões, tenho a certeza de que se concluiria que mais de 90% dos criminosos são católicos. Isto para já não falar nas guerras provocadas pelas religiões. Se os habitantes de Israel e dos países vizinhos fossem ateus, certamente não haveria a guerra que se arrasta há décadas no Médio Oriente e ameaça alastrar por todo o mundo.
Os ateus e os agnósticos, que não acreditam noutros mundos que não este nem em seres superiores ao Homem, são geralmente pessoas cívicas e cumpridoras, até porque sabem que não podem esperar auxílio senão dos outros homens e da sua ciência, pelo que para eles o maior valor é a solidariedade humana.

Comentários

Anónimo disse…
Apoiado!
Manolo Heredia disse…
Vamos então por parte:
1º - Mesmo que seja verdade que à maioria das mulheres muçulmanas tenha sido extraído parte do clítoris isso não significa que não possam ter prazer nas relações sexuais, incluindo orgasmos. Tanto quanto penso saber, as mulheres que atingem mais facilmente orgasmo são as que têm as zonas erógenas mais sensíveis em zonas profundas da vagina. Além disso há migrações das zonas erógenas condicionadas por certas práticas, que conduzem a níveis de prazer elevados, incluindo orgasmo. Por exemplo prazer com o coito anal, tão elevado quanto com o coito vaginal.
2º A cultura muçulmana é tão vasta ou ainda mais que a cultura dita ocidental. O Kamasutra foi divulgado nos países muçulmanos com muito mais liberdade do que nos países cristãos durante os séculos que correspondam à nossa Idade Média. Quanto à prática de os homens promoveram o prazer das parceiras sexuais, nada está escrito no Corão que impeça isso. Nesse livro sagrado o homem é constantemente incitado a respeitar a mulher a colaborar com ela em todos os aspectos da vida (experimente lê-lo). A visão que transparece no seu texto sobre aquilo que pensa do Islão é semelhante à que os detractores da religião cristã fazem quando se referem aos padres pedófilos ou às práticas da inquisição, tomam todo pela parte (pela parte que mais lhes interessa, para atingir os seus fins).
3º Eu não disse que a religião servia para fomentar as virtudes cívicas. Sobre esta vertente do tema gostava que recordasse “A genealogia da moral” de Nietzsche. E cuidado, não confunda religião com igreja… os parasitas são os aproveitadores dos sentimento religiosos dos crentes para os explorar, dentro das igrejas. Muitos deles nem crentes são! E já agora, há quantos anos é o petróleo considerado um bem transaccionável? A explosão demográfica dos países muçulmanos detentores de petróleo foi enorme só desde que essa matéria-prima é muito valorizada. Se o petróleo acabasse hoje, mais de 2/3 da população desses países desaparecia.
4º - Quando falei sobre o levantar cedo para ir para o trabalho ou sobre o hábito de não roubar, mesmo quando isso seria natural (da Natureza, quando se tem fome), estou a falar da evolução da ética, desde que o homem era macaco.
Enfim, estamos talvez numa onda diferente, o que, até agora, parece ter gerado entre nós uma conversa de surdos. Felizmente que não de mudos!!!
Manolo Heredia disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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