Notas soltas: Julho/2010

Polónia – Entre a direita liberal europeísta e o reaccionarismo xenófobo, os eleitores preferiram a primeira. Bronisław Malinowski venceu a disputa contra o país rural e devoto representado por Jaroslaw Kaczynski irmão gémeo do falecido presidente.

Espanha – O período legal da interrupção voluntária da gravidez foi alargado o que, em alguns casos, transformou o delito num direito, perante a desolação e o azedume do PP e da Igreja. A IVG mantém-se interdita na Irlanda, Polónia, Malta e Chipre.

França – A crise económica e social não suporta actos irrelevantes no campo financeiro mas intoleráveis para um eleitorado hipersensível – as despesas abusivas dos membros do Governo para uso pessoal. Resultado: a remodelação que ameaça continuar.

Holanda – A ausência do Governo da direita populista e xenófoba é a boa notícia mas não se pode menosprezar o potencial de revolta que o fanatismo islâmico induz nas sociedades secularizadas e tolerantes da Europa democrática e laica.

Cuba – Saúdo os esforços e o mérito da Igreja católica na libertação de presos políticos bem como a abertura do regime. As razões de censura ao Governo permanecem enquanto houver presos por delitos de opinião e ausência de eleições livres.

Futebol – A vitória de Espanha no campeonato mundial é um balão de oxigénio para o país que, à semelhança de Portugal e de outros, sofre a violenta crise financeira, económica e social, com graves consequências políticas.

Madeira – Alberto João Jardim, que aprendeu política e sentido de Estado na escola salazarista, veio, mais uma vez, ameaçar com o separatismo como fez sempre que gastou mais do que devia. Só surpreende o silêncio do PR, dos partidos e do Governo.

Legião de Cristo – Uma das mais ricas, poderosas e conservadoras organizações católicas, semelhante ao Opus Dei, acaba de ser infamada com o conhecimento da vida do fundador, destinado à santidade, e impedido por ser pedófilo, ladrão, morfinómano e… pai de uma filha.

Vaticano, S. A. – Bem documentado, este livro revela os esquemas de corrupção que se escondem sob a gestão financeira da Santa Sé e que fazem da sede do catolicismo romano um offshore pouco recomendável.

BP – Uma das maiores petrolíferas mundiais não conseguiu resolver, em tempo útil, a fuga de petróleo proveniente da plataforma afundada e provocou uma das maiores tragédias ambientais que os interesses envolvidos se esforçam por minimizar.

Argentina – Foi o primeiro país da América Latina a aprovar o casamento entre indivíduos do mesmo sexo e a permitir a adopção por casais homossexuais, colocando a legislação a par dos países mais avançados da Europa.

Kosovo – A declaração unilateral da independência, confirmada pelo Tribunal Internacional de Justiça, já reconhecida por diversos países, agride a Sérvia, esquece acordos e abre um perigoso precedente para outras aventuras separatistas.

Venezuela – O despotismo de Hugo Chávez e a tentativa de impor o seu modelo político aos países vizinhos não perturba apenas a estabilidade da Colômbia, sob ameaça das FARC, é um detonador da instabilidade que pode contaminar a América do Sul.

Cavaco Silva – A viagem a Angola foi útil para a relação entre os dois países e benéfica para as trocas comerciais, independentemente do interesse de quem não desiste de se recandidatar à eleição presidencial.

Constituição da República – A introdução do tema da revisão foi um factor de perturbação, com propostas avulsas e precipitadas, que agravou os problemas políticos, dividiu o PSD e permitiu a Portas apresentar-se como estadista.

Camboja – Kaing Guek Kay, ex-dirigente dos Khmers Vermelhos, foi condenado a 30 anos de prisão por crimes contra a humanidade. É o primeiro dos cinco dirigentes a ser julgado pelas atrocidades da década de 1970, responsáveis pela extermínio de 1,7 milhões de pessoas.

Regionalização – É neste período de dificuldades que se deve avançar com as cinco regiões, para evitar órgãos faraónicos, como acontece na Madeira e Açores, e para tornar possível a gestão coordenada de 308 municípios e 4260 freguesias.

PSD – Com Pedro Passos Coelho ou muda de nome ou de líder pois não pode reclamar-se social-democrata quem defende um projecto abertamente liberal e ataca o que resta de socialmente relevante na saúde, no ensino e no espírito da Constituição.

Itália – A ruptura entre o primeiro-ministro Berlusconi e o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, não é apenas o fim de um casamento de conveniência é o princípio do fim de Berlusconi e de uma época de estabilidade política pouco estimável.

Comentários

e-pá! disse…
Itália:

A esperada ruptura política entre Berlusconi e Fini deverá levar os italianos para eleições antecipadas.
Embora, os movimentos políticos alternativos ao governo de Il Cavaliere - nomeadamente o Partido Democrático [PD] - estejam envolvidos numa crónica crise de identidade [a crise europeia da Esquerda], a credibilidade política de Silvio Berlusconi atingiu a raias do insustentável.
Neste momento, nem uma "oportuna" agressão com uma estatueta de Il Duomo, o salvará...

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