Manifestações de protesto quase inaudíveis...

Existem demasiados indícios de intranquilidade no campo social que contornam a centralidade política do momento: a aprovação do OE 2011.

O movimento sindical tem "agarrado" esta intranquilidade para mobilizar os cidadãos contra as medidas de austeridade.
Aprofunda-se a consciência de que a situação económico-financeiro e laboral portuguesa é grave e que os tempos são de sacrifícios. Mas, tornou-se também notório de que é preciso "resistir" à pressão política, económica e finaceira, e salvaguardar o campo social, como foi proclamado na manifestação de 6º. feira em Lisboa.

Por mais gravosos e duros que sejam os planos de austeridade aprovados para "acalmar os mercados" e "agradar" à CE da UE, ao BCE, é certo e sabido que os burocratas de Bruxelas, no dia seguinte, aparecem a exigir mais...
O poço tem de ter fundo!

É por isso que estas manifestações proclamam a necessidade de "resistir".
Resitir a quê? Ao total esvaziamento do Estado Social e a uma incomportável degradação da vida dos prortugueses.

A mensagem da manifestação foi essencialmente essa: há limites de não poderão ser ultrapassados porque estará em risco a coesão nacional ! A corda está esticada!

Infelizmente, a imprensa nacional pouco relevo deu a este protesto sindical. Anda - escandalosamente - ocupada em ouvir economistas e gestores da Direita neoliberal [...sempre os mesmos] proclamarem desgraças próximas ou futuras.

Os cidadãos sentem que a sua voz está a ser "abafada". Nada pior para a Democracia.

Comentários

Estou perfeitamente de acordo com esta análise, de todo coincidente com a minha opinião.
el comunista disse…
Consultem e divulguem a "achispavermelha.blogspot.com"
Saudações
A CHISPA!
É evidentemente necessário preservar a todo o custo o Estado Social.
É também necessário lutar para que as medidas de austeridade sejam justas e equitativas, isto é, que recaiam tanto quanto possível sobre os mais favorecidos e não asfixiem os mais desfavorecidos.
Mas é também necessário não esquecer que, dada a situação económica e financeira do País, que é, indubitavelmente, muito má,é necessário e indispensável tomar medidas de austeridade, que a todos afectarão, em maior ou menor medida.
E, não sendo o actual Governo o único nem sequer o principal culpado da crise, não é justo fazer recair sobre ele todo o ónus das medidas necessárias para a combater.
Por outro lado, tem-se constatado que os que mais protestam são justamente aqueles que, por serem os económica e socialmente mais favorecidos, não deviam sequer protestar. É o caso, por exemplo, dos juízes e procuradores,ou melhor, dos sindicatos que se arrogam representá-los.
Por outro lado ainda, também não pode esquecer-se que as forças da oposição, tanto de direita como de esquerda, se aproveitam demagogicamente da crise e das medidas anti-crise para fins políticos e eleitorais.
e-pá! disse…
Caro AHP:

A tomada de consciência da gravidade da situação orçamental, económica e financeira é um assunto que me parece, hoje, consensual no seio da sociedade portuguesa.
A repercussão da crise no âmbito social é que pode gerar injustiças e fracturas.
A polémica poderá existir nos métodos e nos caminhos para a resolução "desta" crise. Neste momento, as manifestações e as greves não invocam a queda do Governo e uma inversão da trajectória de recuperação.
O grande problema será um sentimento em vias de generalização de que esta crise será essencialmente suportada - esperemos que com critérios de justiça social - pelos cidadãos.
As instituições financeiras poderão, no meio desta balbúrdia, estar a lucrar com a crise. Poderão estar a ser apoiadas pelo Estado para terem acesso aos fundos do Banco Central Europeu à taxa de referência de 1% e, com esses euros, compram Obrigações do Tesouro – no tal “mercado” – a uma taxa de 7%.
E a economia real que entrou em colapso por falências em cascata [as causas são fundamentalmente estruturais] é objecto de planos de estímulo e de recuperação. Hoje, como foi visto na crise de 1929, os empresários falidos não ficam pobres, nem se suicidam [como sucedeu então]. Na actual crise a Economia reivindica condições de competitividade, de financiamento privilegiado, de benefícios fiscais.
Mas a vertente social da crise económica recaiu em grande escala sobre os trabalhadores, fundamentalmente, criando um exército de desempregados.
Neste momento, o País está politicamente enfraquecido [perante os gigantescos poderes que se movem no seio da crise] e altamente pressionado pelo poder financeiro cujas ambições parecem cada vez mais desmedidas e despojadas de qualquer tipo de sensibilidade social.
É, portanto, natural que existem pressões e movimentos de protesto dos cidadãos para recolocar a situação num bom caminho. E o bom caminho será aliviar a pesada carga que asfixia a sociedade. A capacidade dos que sendo mais débeis economicamente gritarem basta, protestarem que o "preço" que está a ser pago é demasiado pesado será o leitmotiv dos protestos de rua, que os poderes democráticos deveriam tomar em consideração..
Os cidadãos não poderão suportar indefinidamente planos de austeridade, uns atrás dos outros. Têm de demonstrar na rua - não dispõem de outro palco - que não conseguem suportar privações ad libidum ditadas pelo poder financeiro. A pesada carga da crise tem necessariamente de ser redistribuída...
Na verdade, o Mundo já viveu várias crises. Umas mais profundas [como a Grande Depressão 1929], outras mais superficiais [crise do petróleo dos anos 70,...]. Nunca alguma dessas múltiplas crises foi tão pesada para os cidadãos.
Caro e-pá!
No essencial, estou de acordo consigo.
Só quis chamar a atenção para certos abusos e aproveitamentos demagógicos.

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