Fernando Nobre: um bisonho candidato …

Cartoon de Henrique Monteiro link

“Fernando Nobre confessa que ainda não conhece o programa do PSD para as eleições de 5 de Junho…

…O cabeça-de-lista dos sociais-democratas por Lisboa dá hoje uma entrevista ao jornal “Expresso”, a primeira desde que se soube da sua decisão de se juntar às listas para as próximas legislativas, onde garante que o único propósito da sua candidatura é chegar a Presidente da Assembleia da República e, se tal não acontecer, demite-se do cargo de deputado…” link



O “caso Dr. Fernando Nobre” é um sintoma major do abastardamento da actividade política que, presentemente, infesta o País.

Sendo assim é imperativo chamar os bois pelos nomes. O Dr. Fernando Nobre transformou-se num oportunista político. Escolheu a via da cidadania para chegar ao oportunismo. E é tanto mais oportunista quando condiciona o exercício representativo de deputado subordinado ao cargo de presidente da Assembleia da República. Um cargo para o qual não tem o mínimo perfil. A AR sendo o centro de convergência [e de divergência] das políticas partidárias e a arena privilegiada do debate democrático, requer para assumir a sua presidência alguém que tenha experiência nos meandros político-constitucionais e uma sólida tarimba parlamentar. Porque, caso contrário, o mais certo é fazer uma triste figura.


Aliás, deve ser incomodativo para o actual cabeça de lista por Lisboa sentar-se no hemiciclo. Deve sentir-se excedentário.

Quem foi que preconizou – no início este ano e mostrando um total desconhecimento dos preceitos constitucionais – uma drástica redução do número de deputados [100 membros]? link


Todavia o Dr. Fernando Nobre só tem a oportunidade de abraçar um atávico e penoso “oportunismo político” porque o PSD lhe ofereceu esse ensejo.


Que dizer de um partido que propõe como candidato a deputado um cidadão que afirma desconhecer o programa eleitoral do partido proponente. link

Que nem ao menos sabe que o PSD só apresentará o seu programa eleitoral lá para Maio… link


O que esperar de um candidato que a sua súbita "franqueza" [o desconhecimento do programa eleitoral do PSD...] não revela mais do que uma profunda ignorância?


Que dizer de um partido que distribui como um brinde de Páscoa o 2º. cargo representativo da República?


A candidatura do Dr. Fernando Nobre tem, no entanto, um mérito. O de mostrar como as mudanças políticas necessárias para Portugal não podem ser improvisadas, nem são meras intenções. A reforma política é um assunto demasiado sério, um verdadeiro problema de cidadania. Sendo uma questão que diz respeito a todos os protugueses, não pode ser protagonizada [conduzida] por curiosos. Nem pode ser movida [a reforma política] por projectos, ambições ou vaidades pessoais.


Fernando Nobre, na AR, vai meter dó. O seu actual malabarismo é situar no mesmo patamar uma legislatura com a actividade [quotidiana] de cidadania e persegui-la como a tal criança que tentava tirar o pedaço de pão do bico da galinha...

Será melhor ficar na AMI. Lá é presidente vitalício e tem à disposição o aconchego familiar… link

Comentários

«Fernando Nobre confessa que ainda não conhece o programa do PSD para as eleições de 5 de Junho…»

Longe de mim defender a personagem em causa, mas a pergunta seguinte (por "razões de simetria", como se diz em matemática) tem de ser feita:

Alguém conhece o programa dos outros partidos? E, mesmo que esses programas existam, valerão alguma coisa nos próximos anos?
e-pá! disse…
Caro CMR:

Certo!
Na verdade, todos vamos conhecer [tardiamente] o programa para as eleições de 5 de Junho. Será um "programa único" - o... " FMI/BCE/UE reports".
Estão a elaborá-lo algures em Lisboa.

Fernado Nobre deveria conhecer isso. Já basta de tanta agnosia...[política]!

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