Jardim & Portas – o roto e o descosido


O inenarrável Alberto João Jardim, que exonerou a ética, o pudor e a civilidade da política, rotulou Paulo Portas como «péssimo moço de recados» de Passos Coelho quando provavelmente é este último a fazer os fretes a que a coligação o obriga.

De Jardim, da sua desfaçatez e falta de escrúpulos, já quase tudo foi dito, mas de Portas, do execrável director do defunto Independente, parece que a memória se vai apagando. Esquecem-se primeiro as intrigas e calúnias que bolçava num semanário para atacar o cavaquismo que, a posteriori, lhe havia de dar alguma razão, antes de chegar a ministro da Defesa com Durão Barroso e acumular com a pasta do Mar no consulado de Santana Lopes.

De Portas, o País só recorda o ar compungido com que se infiltrou na missa fúnebre da Irmã Lúcia, a crença com que exaltou a Senhora de Fátima por ter enviado a poluição do petroleiro Prestige para a Galiza, o ar belicista com que defendeu a costa portuguesa de um navio pronto a invadir Portugal com a pílula abortiva, hoje de venda livre, e da missa de sufrágio a um desertor do exército, em Timor, Tenente-Coronel Maggioli
Gouveia.

Poucos deram conta de que realizou agora a sua ambição de ser ministro dos Negócios Estrangeiros, ambição que o cúmplice da invasão do Iraque nunca veria satisfeita com qualquer antecessor do actual inquilino de Belém.

Foram igualmente esquecidas as sucessivas substituições da declaração de IRS à medida que a comunicação social denunciava os seus esquecimentos, bem como as ilegalidades  da empresa de sondagens «Imagem» que geriu e levou à falência sem ser julgado, por se tratar de um crime semi-público e o lesado ter interesse em não participar.

Custa assistir à arrogância e ao ar de superioridade moral de quem levou do ministério da Defesa 61893 fotocópias – pagas com o seu dinheiro, como afirmou – sem que fosse julgado por levar para casa segredos de Estado passíveis de serem usados em benefício próprio para fins desconhecidos.

É este eminente gestor, cujo papel no escândalo da Universidade Moderna nunca foi esclarecido, responsável pela falência da Amostra e por irregularidades fiscais, além de ser o responsável pela ruinosa compra de dois submarinos, que agora dá lições de ética e de democracia a partir da presidência do CDS, partido cujo reaccionarismo levou os partidos conservadores e democrata cristãos europeus a expulsá-lo e onde só voltou com a protecção do PSD.

Portas e Jardim são farinha do mesmo saco, um mais piedoso, o outro mais malcriado. Estão bem um para o outro.
  
Ponte Europa / Sorumbático

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