O Senhor Alexandre


Existem em Portugal empresas de sucesso. Não é nenhum fenómeno local. Existe em todo o Mundo e dos exemplos mais paradigmáticos são os EUA onde o êxito nos negócios é uma apreciada forma de posicionar-se na sociedade e influenciá-la. Frequentemente um trapolim para alcançar cargos públicos através de espalhafatosos e "hollywoodescos" actos eleitorais.

Em Portugal, espantoso é o facto dos empresários nacionais, quando os negócios prosperam e se tornam “ricos-homens”, estes "criadores de riqueza", assumirem o papel de autênticas pitonisas e começarem a profetizar soluções, augurando à mistura (ou à vez) soluções e desastres, em todos os sectores da vida pública, tornando-se frequentemente oráculos de infalíveis receitas de como atingir o bem-estar social, mas nunca se assumem como "políticos". São aqueles que proclamam (para os incautos): "a minha política é o trabalho!"

São conhecidas, desde há muito tempo, as intempestivas e cáusticas intervenções do Engº. Belmiro de Azevedo na educação, na saúde e na organização política e económica do Estado, etc. Onde lhe aprouver. Trata-se de um personagem que desde há muito pratica este tipo de performances pelo que o hábito e a insistência as têm banalizado. Idem, para o empresário Américo Amorim que em repentina e descuidada aparição se tornou uma figura caricatural quando negou a sua condição de empreendedor para travestir-se de mero "trabalhador".

Nos tempos que correm surgiu um novo ídolo que não se exime a qualquer oportunidade (p. exemplo a apresentação de resultados da sua empresa familiar) para endereçar aos portugueses um carrossel de recados do bem-fazer, bem como farisaicas tipificações de atitudes comportamentais, frequentemente puritanas e acacianas: o senhor Alexandre.

Ontem, assistimos, atónitos, a mais um chorrilho – a propósito de tudo ou de nada - dessas mesmas aleivosias.
Por exemplo:
- “é que se acabe com esta mania nacional dos salários dos ricos, dos quadros”… (rematando de seguida: “Temos de ter políticas salariais onde as pessoas que trabalham sintam que o produto deste também vai para elas. Têm de haver políticas de remuneração”.) link

Não seria melhor a RTP correr a convidá-lo para (mais) um programa do tipo “Prós e Contras”… pejado de personagens “Prós”?...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides