Acenando para o Mundo a partir de Camp David…




O controverso G-8, um ‘Grupo’ que vai na sua 38ª. reunião ‘informal’, continua, à margem dos grandes areópagos internacionais (ONU, OUA, OCDE, OMC, OIT, OEA, ASEAN, FAO, Mercosul, …), a tentar influenciar a política económica e financeira global e a 'trabalhar' no modelar de respostas para fazer face às novas realidades (políticas, económicas e financeiras) e aos permanentes desafios, mundiais.
Situações e problemas relativos ao desenvolvimento vêm merecendo particular atenção deste Grupo, desde o desencadear da presente ‘crise global’, em 2007/2008, e têm originado variadas orientações, recomendações e previsões de desfechos (evolução) cuja execução e resultados continuam longe de ser conseguidos. Um exemplo paradigmático será as repetidas ‘declarações de intenções’, desde 2008, sobre a regulação do sistema financeiro...

Uma das principais grandes insuficiências (grande debilidade) deste grupo (G-8) tem sido a sua manifesta ‘incapacidade’ em, de maneira decisiva, dar respostas consensuais, eficientes e atempadas aos graves problemas regionais e mundiais que vão, dia a dia, se agravando. Um dos calcanhares de Aquiles do actual G-8 é a China (a 2ª. potência económica no ranking mundial), ou explicitando, a sua não participação formal neste Grupo.
Terá sido, na tentativa de colmatar estas questões, que surge, em 1999, um grupo mais alargado o G-20 que, associando ao G-8 os chamados ‘países emergentes’, de forma a expandir a sua representatividade, passou a integrar mais de 90% do PIB mundial. Este novo grupo desde início centrou a sua atenção sobre o ‘sistema financeiro internacional’. Na sua última reunião (Cannes, 2011) link debruçou-se sobre múltiplos assuntos da agenda internacional: emprego e protecção social; sistema monetário internacional; equilíbrios económicos e emergência de novas moedas de reserva; melhorar a capacidade de enfrentar as crises; vigilância do FMI; regulação e supervisão do sector financeiro; etc.
Passado quase um ano o único resultado visível será o contínuo agravamento da crise global.

Voltando ao G-8 verificamos que desde a ‘cimeira’ de 2009 (Aquila, Itália) cuja agenda já esteve focada num olhar para a situação de crise, tentou desenhar uma resposta “…à crise financeira e económica global, a restauração da confiança pública e a retoma do crescimento de uma forma mais sólida e equilibrada, nomeadamente através do desenvolvimento de novas regras comuns para as actividades económicas; a atenção para o social e laboral para ajudar os países mais vulneráveis, tanto nos países industrializados e pobres, a luta contra o proteccionismo e a liberalização do comércio internacional para o benefício de todos, a resolução de crises regionais, segurança alimentar e combate às alterações climáticas.link  Na declaração (de ontem) de Camp David link , pouco se avançou que ultrapasse o volúvel e especulativo campo das intenções.
Significativo - pela sua ambiguidade - poderá ser o facto da ‘cimeira de Camp David’ ter decorrido sob o espectro da crise europeia mas, no seu comunicado final, enquadrar os candentes problemas (europeus) num vasto grupo sobre ‘Economia Global’ alargando o âmbito da crise e onde se detectam pequenas nuances do tipo da extensão das preocupações económicas à área social. Assim no item 2 do comunicado (logo após à referenciação da reunião) sublinha-se que (o G8): “deverá favorecer o crescimento económico e a criação de emprego” ('tout court') link .
Tão lacónica preposição revela, em primeiro lugar, que não existem profundos consensos em torno destes dois grandes problemas que afligem, de modo dramático e persistente, muitos países do Mundo. De facto, alterações resultantes de novos equilíbrios políticos europeus, decorrentes do resultado das eleições presidenciais francesas, mostraram não ser suficientemente marcantes, para influenciar as decisões dos denominados ‘mais fortes’.

Mais uma vez, e na sequência de Camp David, se pode constatar que a UE terá de fazer o seu percurso pelas agitadas águas da crise contando fundamentalmente com as suas próprias forças e congregando esforços para salvaguardar a União do sufoco mundial. Na próxima reunião do Conselho Europeu a UE terá de avançar no trabalho de casa (com propostas concretas no campo do crescimento económico e do emprego) para, na cimeira do G-20 (México), que decorrerá daqui a um mês, ser capaz de provocar (promover), em ambiente mais alargado, uma profícua discussão sobre este complexo assunto que produza ‘resultados’ palpáveis.

Os ‘cidadãos do Mundo’ começam a ficar fartos das generalidades e ‘vacuidades’ como as que estão expressas no comunicado final da ‘cimeira de Camp David’. O ténue passo que foi dado resume-se: até aqui a consolidação orçamental foi considerada como o (único!) caminho necessário e suficiente para provocar o crescimento… e, daqui para a frente, ficou nítido que são necessárias medidas específicas e apropriadas para promover o crescimento e o emprego que ninguém parece ser capaz de definir, desenvolver e sustentar. Estamos, portanto, ainda na antecâmara das soluções (e das decisões), passados que foram mais de 4 anos sobre o ‘estoirar’ da crise. Nada que abone a favor dos líderes que, ao que parece, isensatamente, acenam para o Mundo (foto acima)...

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