O inefável Relvas e a liberdade de imprensa


Silva Carvalho é uma mulher de soalheiro, de fato e gravata, principescamente pago. Ninguém perceberá o episódio Relvas/Público se não conhecer os interesses que se jogam na comunicação social e serão ainda menos os que conseguirão penetrar na teia construída, não para defender o Estado, mas para conseguir obter vantagens na guerra da publicidade televisiva e/ou na luta político-partidária.

Desde que ficou por averiguar o vergonhoso caso das escutas, aparentemente ligado a um golpe de estado feito de intrigas e mentiras, nunca mais pararam os casos crapulosos de ingerência na vida particular de pessoas notáveis. Os julgamentos passaram a fazer-se na praça pública com revelações cirúrgicas do segredo de justiça cujo crime é mais provável ser oriundo de fontes policiais ou judiciais do que do mordomo do Papa, que se encontra preso.

Investigar a vida privada de Balsemão, um velho democrata e ex-primeiro-ministro, é uma canalhice que deve render muito dinheiro e destabilizar um grupo da comunicação social. Redigir 16 páginas sobre a vida de Ricardo Costa, diretor do Expresso, incluindo escolas que os filhos frequentam, presta-se a todas as especulações, desde a tentativa de compra ou, em alternativa, à possibilidade de silenciá-lo.

Sabe-se que Relvas tem a seu cargo a desvairada tentativa de privatizar a RTP, assunto agendado pela extrema-direita, que domina o Governo e fez de Portugal um laboratório das doutrinas ultraliberais.

A demissão do Conselho de Redação do Público, sem antecipar as razões, revela que há muitas coisas obscuras neste enredo de um filme da série B. Por que razão o impoluto ministro Relvas pediu desculpa ao Público? E, no caso de ter ameaçado uma jornalista de revelar com quem dormia, caso publicasse uma notícia que não se conhece, como teve acesso a tais factos, sendo do domínio público as ligações a Silva Carvalho, o espião que continuou a espiar depois de se ter transferido para a TVI, onde a informação vale ouro e a Manuela Moura Guedes parecia fazer parte de um complot contra o ex-primeiro-ministro?

Esperemos que o PR, regressado da viagem ao Oriente, exija agora a transparência que impunha a Sócrates e que nunca reivindicou no caso BPN ou nas célebres escutas.

Comentários

e-pá! disse…
"A demissão da direção do Público..."

Não será:
A demissão do Conselho de Redacção do Público...'
E-Pá:

Obrigado. É o Conselho de Redação.

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