Aleivosias como forma de fazer 'política'…



Miguel Macedo critica PSD por não explicar memorando da troika à oposição… link

Terá dito - segundo relata a Imprensa - para explicar o seu aparente arrojo em 'estimular/criticando', o seu próprio partido:
"criticou terça-feira, no Carregado, Alenquer, o partido por não dizer com clareza à oposição que o memorando de entendimento da 'troika' não prevê crescimento económico e criação de emprego."

Primeiro embuste:

O ‘seu’ partido (o de Miguel Macedo), antes de explicar à Oposição ou, seria mais correcto falar de Oposições, deveria na campanha eleitoral e no programa de governo, dirigidas à generalidade dos portugueses, ter sido claro e transparente. Deste modo, se pretendia mostrar clareza, então, o programa do ‘seu’ Governo e, na altura própria, deveria ter feito desassombradamente a elegia do empobrecimento, a ferro e fogo, do País. Na altura, no tempo próprio, escudou-se atrás de ‘amanhãs que cantam’ e o resultado está à vista, não se compadecendo com desculpas 'esfarrapadas'.

Mais à frente:

No imediato não há qualquer meta contida no memorando de entendimento assinado com a 'troika' que tenha como objectivo privilegiar o crescimento económico e o emprego. Pelo contrário, o memorando aposta para um conjunto de metas que conduzem inevitavelmente à recessão económica», afirmou Miguel Macedo.

Outro embuste:

O que foi 'explicado'  aos portugueses e prometido aos incautos eleitores (e existem múltiplos documentos em arquivo disponíveis) terá sido que o actual ‘ajustamento’, nomeadamente o equilíbrio orçamental a todo o vapor, seria o sustentáculo de um crescimento ‘sustentado’ (como gostam de referir). Seria, por assim dizer, a 'redenção' nascida expontaneamente da austeridade. Um prodígio da 'nova' Direita, ansiosa por cavalgar o Poder. 
A possibilidade de uma ‘espiral recessiva’ com todas as consequências de destruição do tecido empresarial nacional e o disparar do desemprego, sempre foi uma denúncia das Oposições, desde que este Governo começou a executar, segundo a sua visão e leitura, as condicionantes impostas pela troika para o ‘resgate’ financeiro do País, acossado pelos ‘mercados’ . Aliás, no momento certo, o actual Governo terá de explicar a todos os portugueses (e não só às Oposições) porque foi, ou pretendeu ir, ‘para além da troika’.

Finalmente a efabulação:

"Miguel Macedo lembrou que foi o Governo do socialista José Sócrates que «negociou e assinou» o memorando, mas que agora, o PS, na oposição, vem «exigir crescimento económico e criação de emprego ao abrigo do memorando".

Interessa referir que o actual partido de Miguel Macedo ‘forçou’ o Governo de José Sócrates - com a recusa em sustentar politicamente as gravosas medidas que informavam o PEC IV - a solicitar um ‘auxílio externo’. ‘Auxílio’ que à partida incluía determinadas circunstâncias, como seja, um amplo apoio político-partidário. O Memorando de Entendimento não foi – e Miguel Macedo sabe-o melhor do que ninguém – um documento ‘imposto’ por Sócrates ao País, nem a ‘solução’ que o ex-primeiro ministro preconizava para enfrentar a crise. Foi exactamente ao contrário: o ‘País político e partidário’ (não necessariamente todo) que o ‘impôs’ a José Sócrates. Portanto, manda a verdade que se diga que, se o XVIII Governo Constitucional foi compelido a pedir ‘auxílio externo’, um dos mandantes (futuramente subscritor e beneficiário) de tal feito foi exactamente o PSD.
Quando foram conhecidas as medidas do PEC IV – independentemente da sua capacidade e bondade para resolver o implacável cerco dos mercados - o PSD anunciou aos quatro ventos que as recusava. Esqueceu-se de dizer que tinha na manga outras: – bem piores!.

Miguel Macedo saberá que aleivosias como as que debitou em Alenquer são enviesadas e distorcidas interpretações da realidade (política). Se insiste em proclamá-las é porque algum terreno está a fugir-lhe debaixo dos pés. Seria bom que essas preocupações fossem partilhadas de maneira clara e transparente com as Oposições e, necessariamente, com todos os portugueses.
Há muito que já devia ter acabado a metodologia dos recados e uma doentia obsessão pela chicana política.

Comentários

Mario Neiva disse…
Pois, mas a completa inépcia de Seguro, que nunca se identificou com a governaçâo socialista-Sócrates, permite estes avanços mentirosos dos actuais governantes. Eles sentem que têm o PS encostado às cordas, porque sabem perfeitamente que o retrato de seis anos de governação socrática merecem a mesma e excatissima critica por parte de Seguro!!!
Os xuxas ainda nâo perceberam isso ou fazem-se de desentendidos porque, ao fim e ao cabo, foram eles que elegeram aquele que é a perfeita negação da anterior governaçâo socialista.
Seguro não terá grande dificuldade em aplaudir este Macedo, tantas foram as vezes em que esteve ao lado dele nos seis anos do governo Sócrates.

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