Paulo Portas – o silêncio de um refinado hipócrita


As grandiosas manifestações de ontem foram mérito do Governo e não dos partidos que as apoiaram. A TSU foi a gota de água que fez transbordar o copo da revolta. A pulhice de transferir diretamente dos trabalhadores para os patrões 5,5% dos seus cada vez mais parcos recursos, arrecadando 1,5% para trocos que compensem a incompetência deste Governo, foi uma decisão de Passos Coelho e Gaspar acordada com Paulo Portas.

Coube ao infeliz Passos Coelho anunciar a péssima decisão, da pior maneira, no pior momento, com um único lampejo de inteligência e sinceridade: anunciar que a medida não podia ter sido tomada sem a anuência do partido da coligação cujo líder se fingia morto.

Paulo Portas, depois de colocar os seus sequazes no aparelho de Estado e de conseguir uma influência desproporcionada, preparava-se para queimar o PSD na esperança de que o crime compensasse o CDS em futuras eleições. Julgava sair-se tão bem como saiu do caso Moderna, da Amostra, dos esquecimentos fiscais e dos submarinos, enquanto o PSD assumia o ónus da malfeitoria. Só não contou que o povo português se antecipasse à reunião do Conselho de Estado, que se tornou irrelevante para as centenas de milhares de manifestantes que ontem saíram à rua, pondo a nu a traição ao parceiro da coligação.

Incapazes de pararem a nomeação de assessores, de darem exemplos de austeridade pessoal, de fazerem a reforma administrativa com redução efetiva de cargos políticos e de tomarem uma única medida que não penalize os trabalhadores e os pensionistas, não viram a miséria que crescia, o desencanto dos que os elegeram e a raiva coletiva que provocaram.

O povo votou ontem o fim desta escalada e Portas já começou a dizer que o patriotismo esteve na origem da cumplicidade que o uniu a Passos Coelho, com o desplante de dizer agora que não concordava com a pulhice da TSU.

Paulo Portas é um batoteiro sem escrúpulos. O velho jornalista do defunto Independente continua mestre na intriga e na dissimulação mas não consegue enjeitar a cumplicidade no descalabro da coligação e não achará benzina que lhe limpe as nódoas do carácter porque ele é todo nódoa.

O País não chorará um fato às riscas que continue a andar por aí sem o ministro dentro.

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