Gasparices à moda do relvas


Vá lá um homem ser prior nesta paróquia

A amantíssima esposa, que me conhece as manhas e os hábitos e mantém a bonomia de quatro décadas de casamento, com papelinho passado e uma afeição que me surpreende, admoestou-me hoje quando ia meter-me as calças na máquina de lavar.

- Estás maluco ou quê?

Dos dois ou três papeis que era costume devolver-me, retirados dos bolsos, encontrou dezenas de faturas de pequenas despesas que a paranoia fiscal me obrigou a solicitar. Parecia o Atílio, uma personagem de uma telenovela brasileira, que vi há muitos anos, e que, na sua demência, guardava o lixo.

Em três dias tinha nos bolsos faturas de uma dúzia de cafés, uma barba, dois envelopes de correio azul, quatro jornais, duas revistas, um corta-unhas, um pente para carecas, o carregamento do telemóvel, duas águas de marca, o combustível do carro, três recibos de estacionamento, um livro impio e dois jantares num restaurante de 3.ª categoria.

E mal ela sabe o susto que apanhei quando bebi uma água numa dessas máquinas que servem bebidas e não dão recibo. Já basta as vezes em que não dão o troco e ainda nos põem a olhar para os lados, não vá aparecer um fiscal que nos multe por não podermos exigir à máquina o recibo que o Gaspar exige.

Raios parta a sorte. Só me faltava acabar a colaborar com o bando de estarolas a quem falta competência e sobra imaginação.

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