Fazer a festa: Lançar foguetes e apanhar as canas…

Está prevista para amanhã uma conferência de imprensa do ministro Vítor Gaspar para falar da 7ª. avaliação regular que uma troika de 'funcionários' do BCE, FMI e UE fazem do programa de assistência financeira a que estamos submetidos, desde 2011. link

Apesar de, no passado, estas conferências não serem transparentes, nem esclarecedoras, em matérias que dizem respeito aos portugueses – a questão dos cortes de 4.000 milhões de euros é um bom exemplo disso – é de prever que possamos assistir a mais uma sessão de 'malabarismos expositivos'.

Um deles começou, há algum tempo, a ser preparado. Trata-se das indemnizações por despedimento. O que já está em vigor – depois de um primeiro e duro ‘ajustamento’ – são os 20 dias de indemnização por cada ano de trabalho. O Governo ter-se-á comprometido com a troika, na avaliação anterior, a alterá-lo para 12 dias e nesse sentido – à revelia dos parceiros sociais – fez chegar ao Parlamento uma proposta de Lei, mais um facto político que veio ameaçar a já frágil 'coesão social'

Amanhã – com aquela voz arrastada e monocórdica – Vítor Gaspar deverá aparecer a anunciar uma grande ‘vitória’. Assim, alguns portugueses serão temporariamente compensados com 18 dias de indemnização por cada ano de trabalho. Temporariamente, mas esta precariedade deverá ser abafada com o barulho das luzes. Nunca conheceremos os critérios que levaram o Governo a assumir um compromisso deste teor claramente inferior à média dos países europeus e altamente penalizador para a estabilidade dos postos de trabalho, num ambiente de descontrolado desemprego e de queda do valor dos salários.
O que amanhã deverá ser ‘festejado’ serão as migalhas conseguidas nas 'duras' negociações com a troika e que - efemeramente, saliente-se - excepcionam (atribuindo-lhe 18 dias) alguns portugueses.

O Ministro deverá, deste modo, atirar os foguetes e apanhar as canas. Esta tem sido a vergonhosa política do actual Governo. E quando, no final deste ano, o desemprego atingir níveis ainda mais insuportáveis (do que os actuais) a culpa vai ser dos anos seguidos de descontrolo orçamental. O Governo, quase na metade da sua legislatura, continua a julgar-se imune às asneiras que vai acordando com a troika de avaliação em avaliação, completamente à margem do Memorando de Entendimento. Um documento em permanente, unilateral e cega actualização. Um acordo, neste momento, totalmente prostituído que funciona como uma espada de Damocles sobre a cabeça dos portugueses.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides