Ainda a estátua do cónego Melo

O cónego Eduardo Melo foi um ditoso membro do cabido da Sé de Braga, um homem de ação, com provas dadas no Verão “quente” de 1975. Sabíamo-lo ao serviço de Deus e da sua Igreja, da fé e da sua difusão, do clero e dos seus interesses.

 Coerente.
 Sem medos.
 Sem falsos pudores.
 Em explosões constantes de proselitismo.

Sabíamo-lo o braço armado da Providência e o guardião da moral e dos bons costumes. Com muitos como ele ninguém lamentaria hoje a mancha negra na História de Portugal, como Sua Reverência considerava, em muitos aspetos, o 25 de Abril. Só não sabíamos que a sua santa alma pudesse  explodir em desabafos de incontida admiração.

«O Dr. Salazar foi um estadista insigne, com um grande sentido de Estado e uma inigualável noção de autoridade »,  afirmou o Sr. Cónego Melo, defendendo outra vez um pulso forte como foi o dele.

 Se ninguém duvidava dessa admiração, desse respeito, dessa gratidão, o que terá levado um homem de tanta devoção e provas dadas ao serviço do divino a prestar essa pública homenagem?

Há uma explicação plausível.

Tendo Deus deixado de o ouvir, ao longo de mais de três décadas, foi perdendo a fé.

Valeu-lhe o Dr. Mesquita Machado para lhe erigirem uma estátua condenada ao destino de outra que esteve em Santa Comba Dão. Na cidade que ignorou Salgado Zenha, uma referência ética e patriótica da luta contra a ditadura e da consolidação da democracia, é altura de se erguer um memorial ao padre Max e à sua aluna Maria de Lurdes, vítimas do terrorismo fascista do MDLP, associação de que o cónego Melo era avençado.

Assim, quando uma estátua voar nos céus da cidade dos arcebispos, ficarão os nomes do padre Max e de Maria de Lurdes como símbolos dos sonhadores de utopias.

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