MALI: Eleições (primeiras impressões)…

Ibrahim Boubacar Keita (IBK como é conhecido) acaba de ser declarado o vencedor das eleições presidenciais do Mali. É um africano com uma forte cultura francófona (completou a sua formação na Universidade Paris I/Sorbone, trabalhou no Centre national de la recherche scientifique / CNRS e leccionou na Universidade de Paris / Tolbiac). Em 1992, já regressado ao Mali, envolve-se simultaneamente na política maliana e no contexto africano. Foi um apoiante do presidente Konaré que ‘tentou’ democratizar o Mali, ocupando cargos relevantes nesse período como o de Ministro dos Negócios Estrangeiros e 1º. Ministro do Governo de Damako.

Funda em 2001 o agrupamento político ‘Rassemblement pour le Mali’ (RPM), partido com o estatuto de observador da Internacional Socialista, tendo IBK ocupado o cargo de vice-presidente da IS em 1999.

Este será, portanto, o primeiro resultado político após a intervenção francesa no Mali (Janeiro de 2013), na sequência do golpe de Estado militar de Março de 2012 que, tendo como motivo central a ancestral ‘questão tuaregue’, acabou por derrubar o presidente Touré (contra quem IBK tinha perdido as eleições em 2007).
A Junta Militar golpista acabaria por desencadear um confuso período de incertezas e, passados 15 dias (a 8 de Abril), ‘entregou’ formalmente o poder à Assembleia Nacional do Mali que, a breve trecho, se mostrou incapaz de o exercer, conduzindo à posterior intervenção francesa, depois da legitimação pelo C. S. da ONU.

Na verdade, as eleições do fim-de-semana no Mali, à primeira vista, reconduziram aquele País do Sahel para uma posição confortável naquilo que se chama a 'órbita francófona', fio condutor da política de Paris perante as ex-colónias africanas.
IBK, segundo tudo indica, deverá ser um bom interlocutor para François Hollande. Esta poderá ser simultaneamente uma vitória para o actual presidente francês. Vamos ver.

Ficam por resolver alguns importantes problemas: a norte com os nacionalistas ('autonómicos' e/ou 'independentistas') e, mais complexo, com os fundamentalistas islâmicos que cavalgaram as reivindicações tuaregues.
Falta também regular a questão da extracção de ouro (a principal riqueza do país), localizada na sua parte ocidental, renegociando os contratos de exploração com a multinacional AngloGold e eliminar a chaga da corrupção, de modo a que o crescimento económico previsto para este ano (> 3%), apesar das operações militares ainda em curso, chegue a - seja redistribuído por - todo o País (i. e.,  ao norte desértico e pobre onde habitam os tuaregues - a 'fonte' de todos os actuais problemas malianos ).

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