Notas soltas: julho/2013

Governo – A demissão de Vítor Gaspar não podia causar danos maiores do que a permanência no Governo mas o beijo de morte de Paulo Portas esteve à altura da tradição que define o carácter do antigo gestor da Amostra.

Bolívia – O embargo do espaço aéreo ao avião em que seguia o presidente Evo Morales, foi a velhacaria de Portas no dia da demissão irrevogável de MNE. O entusiasta da invasão do Iraque é servil aos EUA, indiferente à ética e aos interesses de Portugal.

Egito – O golpe de Estado contra o presidente Morsi, um Irmão Muçulmano, que defendia a sharia, lembrou o que ocorreu com a Frente Islâmica de Salvação (FIS), na Argélia, em 1991. As urnas elegeram quem prefere o Corão aos direitos humanos.

EUA – O Governo americano espiou a União Europeia. Foi uma derrota na luta contra o terrorismo que irritou os amigos e comprometeu Barak Obama, o presidente que a Europa, se pudesse votar, teria eleito. Não há impérios eternos.

CDS – Depois da traição e velhacaria do líder, com o partido aflito com a perda de empregos, o crime compensou. Portas conseguiu, depois de humilhar o PR, remodelar o Governo, tutelar a economia e reduzir o PM à sua insignificância.

PR – Não sei se é falta de jeito para o cargo ou a obstinada proteção ao Governo que o leva a aceitar o funcionamento irregular das instituições, de cuja normalidade é o garante e máximo responsável, e a agravar a instabilidade política, económica e social.

PS – A encenação para que o PR o empurrou, com o álibi do pacto de salvação nacional, salvou a honra de Seguro e pôs a nu o intuito de Cavaco – manter no poder o seu partido –, custe o que custar.

Crise política – A desagregação da coligação começou com o ministro Gaspar a acusar o fracasso político e a falta de liderança do Governo. A demissão irrevogável de Paulo Portas fez o resto. Dignidade é vocábulo ausente do dicionário do líder do CDS.

Compromisso de Salvação Nacional – A tentativa de enredar o PS, da exclusiva responsabilidade do PR, acabou por adiar a crise, com custos brutais, e de forma pífia, sem acordo nem eleições antecipadas.

Provedor de Justiça – A eleição de Faria Costa, catedrático de Direito, de Coimbra, dá continuidade à tradição de notáveis cidadãos, de elevado sentido cívico, que honraram o cargo e dignificaram a democracia, dando voz a quem a não tem.

Rui Machete – A omissão curricular da sua passagem pelo Conselho Superior da SLN, proprietária do BPN, justamente de 2007 a 2009, e a passagem pelo (BPP), banco falido, não favorecem a transparência e, muito menos, a honorabilidade do novo MNE.

Segurança Social – A última decisão ministerial de Vítor Gaspar permitiu a compra de mais 4.500 milhões de euros pelo Fundo de Reserva da S.S., pondo em risco 45% dos ativos que garantem as pensões dos reformados. Onde param os sindicatos?

Finanças – A nova ministra tomou posse num Governo desfeito, na ausência dos ministros do CDS, e permanece, com a acusação de ter mentido à A.R., com os contratos ‘swap’ a perseguirem-na e as acusações ao anterior Governo a virarem-se contra ela.

Imprensa – Aceita-se a euforia das revistas cor-de-rosa com a cria real inglesa e não que os órgãos de referência lhe deem maior relevo do que à situação grega, às agressões sexuais às mulheres egípcias ou ao drama dos refugidos sírios, por exemplo.

Função Pública – O aumento do horário de trabalho, sem justificação evidente, é a vingança de quem põe a obsessão ideológica contra os interesses dos servidores do Estado.

Diocese de Lisboa – A posse do novo patriarca juntou os mais altos dignitários da República no ato de genuflexão pia que beliscou a laicidade do Estado e a imagem do novo bispo. A missa dos Jerónimos dispensava as palmas ao Governo e ao PR.

Vaticano – "Quem sou eu para julgar os gays?", disse o Papa Francisco, na primeira conferência de imprensa na viagem de regresso ao Vaticano. A interrogação revela a tolerância que faltou aos pontificados dos dois últimos antecessores.

União Nacional – O desejo expresso de Passos Coelho é a pungente recordação do partido único que pode excitar quem carece de cultura democrática mas arrepia quem tem memória do passado tenebroso da ditadura.

Moção de confiança – Quando uma maioria absoluta precisa de se submeter a uma moção de confiança a si própria, apesar da cumplicidade absoluta do presidente da República, é porque duvida absolutamente da confiança dos portugueses.

Tribunal Constitucional – A legítima interpretação da lei, que cabia clarificar à A.R., permite o carrocel autárquico de presidentes itinerantes. Mina o prestígio da A.R., por incúria dos deputados, e o autárquico por oportunismo dos candidatos e dos partidos.


Parlamento – A renúncia aos mandatos de Honório Novo (PCP) e de Ana Drago (BE) para não se eternizarem nos cargos, à semelhança de Francisco Louçã, priva a A.R. de excelentes deputados mas dão um saudável exemplo de ética republicana.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides