As avaliações, o governo, os hábitos e os pretensos tolos….


A coligação que [ainda] governa o País, ontem, após a conclusão de mais um episódio de avaliação da troika [esta não foi 'regular' mas 'agrupada' pelos motivos que todos conhecemos] apareceu a realizar uma conferência de imprensa que se tornou um macabro exercício de incompreensão da sua periclitante situação política agravada após o resultado das eleições autárquicas do passado domingo.

Tudo, nesta avaliação, terá corrido mal nomeadamente a projectada folga do deficit orçamental [de 4 para 4.5%] que, desde a anterior avaliação, se revelou um passo ‘necessário’ link. Este foi considerado um espaço de manobra indispensável (a par do alívio da austeridade) para conseguir consolidar um muito discreto abrandamento da ‘espiral recessiva’ que, apesar dos festejos antecipados, teima em não nos abandonar. 
Perante este desaire negocial que atinge duramente todo o Governo, mas em particular Paulo Portas que se empenhou politicamente neste objectivo peregrinando por Bruxelas, Frankfurt e Nova Iorque, assistimos atónitos a um dos mais irresponsáveis malabarismos de marketing da actual coligação.
Não tendo conseguido este alívio orçamental Paulo Portas - tendo ao lado a sua 'estimada' Ministra das Finanças – lançou-se num miserável exercício de ilusionismo político, muito ao seu estilo. Já tinha dado mostras desta corrosiva maleita na sua prestação na noite das autárquicas mas os sintomas patológicos continuam a  mostrar uma inexorável marcha para o agravamento.

Anuncia solenemente que ‘caiu’ a TSU dos reformados (que transformou num cavalo de batalha prenunciador da crise em que se envolveu com Passos Coelho em Junho/Julho passado) mas tenta esconder quais as medidas ditas 'substitutivas'. Pior, tenta mascarar novas medidas de austeridade, negando-as peremptoriamente, quando mais adiante acaba por referenciar mais cortes nos orçamentos dos Ministérios (da ordem dos 0,3%?) a par de uma não especificada taxação de algumas actividades 'rentistas' (energia e fundos de investimento). Um acabado exemplo de ‘uma no cravo, outra na ferradura’.

Mas os malabarismos não acabam aqui. Tenta ocultar os feitos recessivos destas evasivas mas contínua austeridade e avança ufano com certezas sobre novos ‘amanhãs que cantam’. Anuncia sem manifestar o mínimo esgar de vergonha ou de desconforto que “o Governo e troika acordaram uma previsão de crescimento positivo de 0,8%, um valor que Portugal ‘já não estava habituado’.link.
Portugal - como todos sabemos - não pode esperar crescimento a partir destas medidas mas, de facto, uma descontrolada inflação de demagógicas actuações (exibições) do Sr. vice-primeiro-ministro estão, na verdade, a tornar-se um hábito. Um vicioso e rotineiro hábito.

Para Paulo Portas trocar uma folga orçamental necessária e em consonância com a dramática realidade económica nacional por mais medidas de austeridade engendradas à sombra de um volátil e imaginativo acordo sobre números resultantes de uma hipotética previsão de crescimento é um ‘bom resultado’. Com este tipo de ‘negociadores’ só podemos esperar o pior. E com este tipo de ‘artistas de feira’ torna-se oportuno, pertinente e urgente perguntar se ao promoveram estas encenações estão a tomar os portugueses por ‘tolos’.

Comentários

jmramalho disse…
Governo que ainda governa o país? Digamos que existe um grupo de tipos de mau porte que ocupa as mais altas funções do estado e delapida o erário público em beneficio próprio e dos amigos! Não será mais correcto?
jmramalho disse…
Governo que ainda governa o país? Digamos que existe um grupo de tipos de mau porte que ocupa as mais altas funções do estado e delapida o erário público em beneficio próprio e dos amigos! Não será mais correcto?
Agostinho disse…
As histórias que eles vêm contar para a televisão são para adormecer meninos. Acontece que as crianças que adormecem são cada vez menos. O PSD adormeceu 8.77% (o PS conseguiu 19.06%). A rapina tem legitimidade democrática!
O crescimento de 0,8% é fantástico! Se Hitchcock fosse vivo faria um filme sobre os nossos números gasparianos.
A ideia de parecer que "estão a tomar os portugueses por tolos" já se tornou numa certeza. Até quando?

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