Daqui não passo…

O convite ao ministro do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, para participar na leitura de textos do realizador João César Monteiro acabou por levá-lo, devido à forte contestação, a cancelar a presença.

O desprezo que sinto pelo atual Governo, e pelos membros que o integram, não impede que manifeste a minha solidariedade a Poiares Maduro. A cerimónia de homenagem a César Monteiro, um irreverente e iconoclasta, ficará manchada por um ato de censura.

Lamentavelmente, a carta de contestação a Poiares Maduro foi subscrita por nomes dos maiores e mais honrados intelectuais portugueses, onde avultam Manoel de Oliveira, Maria Velho da Costa, Herberto Helder e Rui Chafes, entre outros.

Não discuto a ponderação do convite, repudio a manifestação de intolerância de quem sentiu na pele a repressão fascista e a vindicta salazarista e não conseguiu aproximar-se da grandeza ética de Nelson Mandela.

A discordância que manifestei contra os censores da presença de José Sócrates na RTP é a mesma que declaro contra os que impediram a participação de Poiares Maduro numa homenagem a João César Monteiro.

Incapaz de lhes responder com as palavras obscenas de que era capaz o cineasta, crítico de cinema, ator e escritor, aconselho-os a relerem Voltaire.

A esquerda não pode ser a face da direita refletida no espelho. Daqui não passo.

Comentários

Bmonteiro disse…
Apoiado.
Sabem lá o que significa Mandela.

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