Moedas e histórias da carochinha….



Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, Moedas diz que mesmo no tempo de Vítor Gaspar no ministério das Finanças era assim. «Há esta ideia errada de que o governo estava sempre de acordo com a troika. Não é verdade, estou muitas vezes em desacordo com a troika, faço-o saber, e luto por isso. Mas não ando a gritar publicamente sobre isso, ando a trabalhar com a troika para conseguir resolver esses diferendos».
Moedas dá como exemplo a desvalorização salarial: Um dos pontos que nos divide - não com a troika, mas especificamente com o lado do FMI - querermos uma política que aumente a competitividade do país para competir pela qualidade e não pelo preço. A visão de algumas pessoas do FMI tem sido a de descer os salários. Essa divisão é clara e tem sido um diferendo em que dizemos ´não´ à troika.» link

Mais um insidioso enredo. Esperemos que dessas reuniões com a troika - a que Gaspar chamava pomposamente ‘exames regulares’ - existam actas para que um dia seja do conhecimento público a realidade deste ignominioso e obscuro 'resgate'.

Para já, entre o discurso justificativo e a realidade 'topam-se' várias incongruências. Moedas é um ‘adjunto’ de Passos Coelho, político que publicamente assumiu a defesa da redução do Salário Mínimo Nacional. De facto, a posição oficial deste Governo é a defesa do salário mínimo. O primeiro-ministro disse alto e em bom som, no Parlamento em Março deste ano, perante uma proposta de aumento do SMN, ‘isto’:
Quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta. Foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa”, … link.

Não vale a pena tapar o sol com uma peneira. Os portugueses perante esta concepção do primeiro-ministro do Governo em exercício dificilmente acreditarão que um adjunto tenha veementemente oposto a uma pretensão da troika (ou de um dos seus elementos – FMI), no sentido de uma desvalorização salarial, quando o seu “titular” tem opinião contrária. Estar na política não é contar histórias da carochinha. Aliás, se restassem dúvidas, o já falecido conselheiro governamental (António Borges) saiu de imediato em socorro de Passos Coelho afirmando: “Em linha com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, na questão do salário mínimo, António Borges defendeu uma descida do salário mínimo nacional…link.
E quando proferiu  esta tirada do Parlamento a invocada descida do salário mínimo na Irlanda é simplesmente isto: - mais uma história mal contada (aldrabada).

Ora, que se saiba o secretário de Estado Carlos Moedas não está – nem esteve - em rota de colisão com Passos Coelho. Pelo que não podemos deixar de constatar que estamos perante mais uma penosa e vergonhosa mistificação, à volta de uma hipotética defesa dos interesses nacionais perante a troika. À beira do descalabro eminente estes 'jovens turcos' julgam que toda a argumentação é legítima... 

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