O Papa, o catolicismo e o Cristo-Rei

Com a celebração da solenidade de Cristo Rei, neste Domingo 24 de novembro, o Papa [Francisco] fez a conclusão do Ano da Fé, uma «iniciativa providencial» de Bento XVI, apresentando Jesus Cristo como o “centro da história da humanidade e de cada homem”.

Não se vê no evento promocional de uma religião onde possa entrar a Providência, nem como um judeu, nascido há 2 mil anos, possa ter emigrado para o «centro da história da humanidade» ou para o centro de «cada homem», sabendo-se que apenas cerca de 20%, na mais favorável das hipóteses, é cristã e a Humanidade já leva milhões de anos.

Concluído o Ano da Fé, talvez venha o Ano da Razão. Entre o defeito de acreditar sem provas e a virtude de duvidar, por método, é preferível a segunda hipótese. É natural que quem não exige provas para acreditar também as dispense para duvidar.

O que espanta na ICAR é o paradigma monárquico, que permanece após o descrédito da realeza, depois de os princípios do Iluminismo terem contrariado os dogmas e destruído os privilégios hereditários.

A mãe de Jesus é referida como Rainha dos Céus e até a hipotética legião de assessores, que aconselham o Deus-Pai, é referida como ‘corte’ celeste. Demorará muito até que as orações e a mentalidade se adaptem, ao menos, ao espírito democrático e republicano.

Pode ser que um dia, em vez da salve-rainha se recite a salve-presidenta [sic] e surjam monumentos a Cristo-Chanceler ou a Cristo-Presidente, mais adequados à nomenclatura profana e aos hábitos modernos, já que o Cristo-Xá ou o Cristo-Imperador são pouco ajustados à História recente dos povos onde o cristianismo resiste e os de Führer ou Mahatma totalmente improváveis.


O Vaticano é que, por mais que queira, continua um anacronismo onde ‘Santidade’ é a profissão e o estado civil .    

Comentários

septuagenário disse…
Há coisas que só se podem compreender e nos podem chamar a atenção se tivermos andado em pequenos na catequese.

Ou se tivermos sido seminaristas.

Ouve missionários que no antigamente foram para as colónias e ensinaram crianças muçulmanas ajudar à missa em latim.

Por isso são hoje os africanos a dizer missa nas igrejas no interior português.

Hoje o Papa já diz menos a muita gente portuguesa do que a IURD.

Há mais fulas muçulmanos à porta da Igreja de São Domingos do que cristãos dentro daquela igreja.

Religião e política sempre andaram de mãos dadas, e já se vêm muitos véus em Londres e Paris.

Claro que o Francisco também é digno de ser mencionado de vez em quando, nunca fiando.

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