As eleições europeias e o difícil momento do PS…



As eleições europeias ameaçam ser o novo detonador político nacional. É óbvio que as ‘ondas de choque’ resultantes deste acto eleitoral não ameaçam só o PS mas, antecipadamente, a Direita esforça-se por alijar as consequências políticas e partidárias em caso de uma eventual derrota (a somar à das autárquicas).   
Para  conviver bem com o mal dos outros (da Direita) será prudente olhar atempadamente para a nossa volta. Na verdade, os problemas político-partidários nacionais não se resumem ao PS. Afectam, na generalidade, aquilo a que se designa por Esquerda. Todavia, e apesar de todas as mudanças ocorridas nos últimos anos, continua a ser verdadeira a velha crença que não existirão soluções na Esquerda que excluam o PS. É a chamada ‘posição charneira’ que pouco tem facilitado o diálogo mas acarreta maiores responsabilidades.
E, sendo assim, é notório que PS – ‘motor’ de qualquer mudança que as próximas  eleições são uma oportunidade - está a entrar num ‘estado de ebulição’ precedido por sucessivos ‘avisos à navegação’ por parte de Ferro Rodrigues link, Carlos César link e António Costa link.
O aparente distanciamento de Francisco Assis – bem como a sua recente sintonia com A. Costa link - vem adensar mais a situação interna já que depois da última ‘pacificação’ (reunião da Comissão Nacional de 10.02.2013, em Coimbra) seria o natural cabeça de lista para as eleições europeias de Maio 2014.
Dificilmente, António José Seguro conseguirá gerir uma tão ensurdecedora ‘gritaria’ e aguentar tão arreigado 'cerco'.
Acresce, ainda, a pressão da facção Sócrates que mostra alguma impaciência e, eventualmente, discordâncias estratégicas bem expressas em recente conferência no ISCTE ao afirmar que “gostaria que a esquerda se apresentasse, ao nível europeu, com um novo programa políticolink.
Finalmente, Mário Soares, velho patriarca do PS que continua a agitar as águas da política nacional e partidária, à revelia e em completa assincronia com a actual direcção do PS link, evidenciando - para futuro - que nas ‘magnas reuniões de convergência’ dispensa, olimpicamente, António José Seguro.
A este negro e muito pouco auspicioso quadro para a liderança socialista deverá enxertar-se a ‘atitude de avestruz’ de Seguro ao aparecer em público assegurando que o PS "está de boa saúde e recomenda-se"  link.

De facto, tornou-se dramaticamente evidente que para o PS e para a actual direcção que o ‘acordo de Coimbra’, de há 1 ano, esgotou-se. Hoje, será mais adequado referir as 'tréguas de Coimbra' do que acalentar  um acordo morto. Paira a sensação de que os compromissos se romperam, irremediavelmente.

A 100 dias das eleições europeias este estado confuso e letárgico é observado, transversalmente (no PS e na política nacional), como uma situação deveras preocupante.

No PS, os equilíbrios internos são cada vez mais instáveis e está claro que uma nova ‘clarificação’ terá de ocorrer (...ou já estará em curso).
Só que o tempo escasseia, quer para PS, quer para o País, que não pode deixar de desejar uma derrota da actual maioria nas eleições europeias. Este seria o grande ‘prémio’ que seria oferecido aos portugueses para assinalar o fim ‘formal’ da intervenção externa e directa no nosso País. Mas mais do que isso alimentaria uma réstia de esperança de que uma intervenção indirecta e oculta que se segue ao 'fim do protectorado' poderia ser regulada, domesticada, quiçá, enjeitada.
As eleições europeias pouco adiantarão na definição das políticas da UE dominadas, cada vez mais, por interesses e estratégias que não se submetem a votos, nem são influenciados por estes. As políticas europeias são cada vez mais o reflexo sistémico de poderes instalados através dos nebulosos e insondáveis ‘mercados’. Urge deixar de lado falsos pudores ou ingenuidades. As eleições europeias devem (têm de...) ser transformadas num instrumento de luta política interna contra o ‘franchising político-mercantil’ que por cá se instalou, já lá vão 3 anos.
E, mais uma vez, ou melhor, pelo andar da carruagem, este ‘momento’ corre o risco de se transformar numa (em mais uma) ‘oportunidade perdida’.

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