Em defesa do Governo, injustamente acusado

A comunicação social acusa hoje o Governo de fazer publicidade a determinada marca de automóveis. É injusto. Basta alguém conotá-la com o Executivo, que cada vez menos portugueses toleram, e só prejudicará a referida marca.

Passos Coelho foi aconselhado, por um dos numerosos assessores, de que o Governo é um casino e o pagamento de impostos uma oportunidade original para vender rifas de automóveis.  Se lhe dissessem que o pagamento de impostos era uma obrigação cívica, demorava o resto da legislatura a explicar-lhe e não compreenderia.

Aliás, a dupla Portas/Passos Coelho, sendo o primeiro mais inteligente e preparado, quis convencer o País de que iam cortar nas gorduras do Estado. Os eleitores caíram no logro porque não sabiam que a perversa dupla chamava gorduras aos funcionários públicos.

A evolução político-semântica não se verificou apenas em relação a adjetivos, cujo caso paradigmático é «irrevogável». A eficiência do Estado é um eufemismo para alargar os anos de serviço aos funcionários e diminuir-lhes os vencimentos. A redução da dívida pública, apesar de não parar de aumentar, é um processo de empobrecimento coletivo.

As únicas gorduras que o governo identifica são os salários e as pensões e, verdade seja dita, não se tem poupado a esforços na cura de emagrecimento que se propôs.

Como é possível a um governo malvisto e execrado ajudar o que quer que seja? Precisa de pagar a quem o promova e, no caso dos automóveis, ninguém compraria como novo um veículo vindo do Governo.

É, pois, injusto, acusar de impulsionar uma marca quando apenas pode comprometê-la.  

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