Notas soltas: maio/2014

1.º de Maio – Não mais se repetirá a grandiosa manifestação de 1974, mas é necessário que os trabalhadores mantenham a consciência política e a unidade para lutarem contra o desemprego, a precariedade e o agravamento do fosso salarial.

8 de maio – Evocar o dia da rendição nazi, em 1945, é condenar a violência racista, denunciar o antissemitismo e homenagear as vítimas, todas as vítimas, de diversas origens, que ao longo dos séculos sofreram preconceitos religiosos, étnicos e culturais.

Submarinos – A presidência da comissão de inquérito parlamentar aos programas de aquisição de equipamentos militares foi atribuída ao CDS. Pode ser o partido mais bem documentado, mas é tão estranho como seria a do PSD num inquérito ao BPN.

Nigéria – Um grupo islâmico que odeia a escolarização feminina, “pecado da educação ocidental”, sequestrou centenas de meninas, para casamentos obrigatórios e escravatura. Os terroristas exigem um Estado islâmico e a perpetuação da tradição tribal e misógina.

Ucrânia – Às manifestações legítimas juntaram-se provocações da extrema-direita, com a anuência da UE. A resposta da Crimeia deixou frente a frente Rússia e EUA, com o mundo à beira da guerra, o país à beira do fim e uma nova cortina de ferro à espera.

PEC IV – Apesar de a coligação ocultar a traição e se pretender inocente, Lobo Xavier confirmou que foi o PSD e o CDS que forçaram a intervenção da "troika" em Portugal e que nem a Merkel queria que o resgate tivesse acontecido assim. A tragédia foi evitável.

Fernando Ruas – O ex-edil de Viseu, que não abdica da indemnização a que pensa ter direito, foi eleito eurodeputado, lugar para que se julga talhado porque “Faz falta na Europa quem saiba distinguir um carvalho de uma cerejeira" – segundo afirmou.

Teresa Leal Coelho – A vice-presidente do PSD, no elogio ao colega de partido, Paulo Mota Pinto, afirmou: «Ter sido juiz do Tribunal Constitucional é a única “nódoa no currículo”». O desprezo pela autonomia dos Tribunais faz parte da sua matriz genética.

Eduardo Catroga – O entusiasta do chumbo do PEC IV, que trouxe a Troika, é agente do Partido Comunista Chinês na EDP, com meio milhão de euros anuais, enquanto 285 mil lares portugueses estão às escuras por não poderem pagar a luz. Salário ou prémio?

China – Foi a terceira visita oficial de Cavaco. Nas duas primeiras era PM e falava-se de Macau, assunto da competência exclusiva do PR. Esta, a mais importante, destinou-se a negócios, matéria de política externa, da esfera exclusiva do Governo.

Espanha – A mesquita de Córdova, ao abrigo da lei franquista que fez dos clérigos uma espécie de notários, e que Aznar estendeu aos templos, foi registada pela diocese, por 30 €. O PP abdicou da propriedade, património da Humanidade, e a Igreja católica adquiriu uma mesquita.

Eleições Europeias – A vitória da extrema-direita francesa e dinamarquesa e o avanço generalizado no espaço da UE remetem-nos para os demónios que precederam a guerra de 1939/45 e são motivo de instabilidade e preocupação no novo Parlamento Europeu.

Troika – O fórum com Draghi, Lagarde e Barroso, no exato dia das eleições europeias, em Portugal, foi ingerência no ato eleitoral, apoio à coligação no poder e arrogância dos credores, a mostrarem que a ilusório saída limpa deixou resíduos tóxicos.

PS – A vitória não teve a dimensão da derrota da Aliança Portugal, ficando o secretário-geral com uma vitória inferior à das eleições autárquicas, sem fôlego para uma vitória folgada nas legislativas, sem a qual é fácil ser Governo e difícil governar.

PSD/CDS – A fulgurante derrota da coligação deixou-a em estado comatoso e arrastou o PR. Mantém legalidade, sem legitimidade, para prosseguir a política suicida dos seus protagonistas. Os responsáveis vão prolongar o estado terminal.

CDU – O PCP é um caso único a nível mundial, depois da implosão da URSS, a manter a ortodoxia e a averbar uma vitória brilhante. Mais do que um triunfo ideológico, obteve o prémio pela coerência e espírito de luta.

Marinho Pinto – Concorrendo por um obscuro partido, tornou-se a 4.ª força política, vale sozinho metade da coligação do Governo e alterou o xadrez político. Democrata e europeísta, pode ser tentado a trocar o carisma pelo populismo.

BE – A erosão que sucessivas cisões lhe provocaram, depois da meteórica ascensão, é hoje um partido em desagregação, órfão de Francisco Louçã e Miguel Portas, à espera da próxima derrota. Nem o traquejo político e a categoria de João Semedo lhe valeram.

Europa – O crescimento dos radicalismos, à esquerda e à direita, numa altura em que o Parlamento, agora com poderes alargados, podia mudar o rumo dos medíocres atores da Comissão e do Conselho Europeu, torna incógnito o futuro e a desintegração um risco.

António Costa – Se à lógica do aparelho do PS se sobrepuser a reputação de que goza, é o militante em melhores condições para restituir à política um módico de salubridade, ao país a esperança que o abandonou e ao Governo o último empurrão.

Tribunal Constitucional – O Governo não respeita a CRP e, pela terceira vez, afrontou e chantageou o Tribunal, de forma grosseira e inábil. O PR, que não pediu a fiscalização do OE-2014, traiu o juramento que o obriga a fazer cumprir a CRP e desautorizou-se.

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