Brasil – A destituição de Dilma Roussef

Foi a primeira vez que vi a justiça popular, no que tem de mais irracional e execrável, a funcionar por interpostos deputados.

O mal-estar, a que a corrupção não é alheia, nem nova, deve-se à crise do capitalismo e à queda brutal dos preços das matérias primas, especialmente do petróleo, provocando a recessão que impediu a continuidade do ‘milagre brasileiro’ que retirou da miséria milhões de pobres.

A ansiedade e a revolta, essas, foram estimuladas e ampliadas nas ruas pelos que nunca perdoaram as medidas sociais e o êxito dos governos de Lula, pelos que detêm os meios de comunicação social, pelos que, através de ditaduras militares, fruíram privilégios que procuram recuperar.

O absurdo e imoral processo de destituição de Dilma Roussef foi conduzido por muitos deputados arguidos em processos de corrupção contra uma das raras personalidades da política brasileira que não aparece como suspeita em é alvo de qualquer investigação – a PR.

Não podendo a PR eliminar os corruptos, destituíram-na estes.

O Brasil entrou num processo estranho onde se confundem interesses pessoais, luta de classes, ódios velhos e vinganças mesquinhas, com o país a encaminhar-se rapidamente para o abismo da guerra civil e/ou da ditadura.
No descalabro de um país de ‘portugueses à solta’, vejo a alegria esfuziante de um povo a transformar-se em medo, revolta e desespero, com os velhos demónios despertos.

Comentários

e-pá! disse…
No processo de destituição de Dilma Roussef os deputados federais votaram fazendo, simultaneamente, dedicatórias.
Um artigo no El País link põe-se em relevo os principais motivos de algumas dessas dedicatórias (deus, filhos, esposas, netos, sobrinhos, ‘por todos os agentes de seguros do Brasil’, etc.).
Supostamente o tal processo de ‘impeachment’ (termo que os brasileiros adoptaram) seria um acto democrático onde se escrutinavam alguns ‘pecadilhos’ de Dilma, nomeadamente, a tal ‘pegada fiscal’ que significa a adulteração das contas do Estado para compor orçamentos futuros. Nenhum deputado, nas intervenções públicas durante a sessão, invocou este motivo.

O máximo da indignidade foi o ex-militar Jair Bolsonaro que dedicou o seu voto ao coronel Ustra que foi, nem mais nem menos, um conhecido torcionário da ditadura militar brasileira link.
Aliás, o deputado Jair Bolsonaro defende publicamente a ditadura militar brasileira e considera a tortura como uma prática legítima.
Este o clima nauseabundo que ensombrou a votação do passado domingo na Câmara de Deputados de Brasília.

Palavras para quê?
O Congresso brasileiro é uma aberração corruptos, evangelicos tarados fascistas Uma tralha que não ganhou eleições e faz um golpe de estado sem precisar dos coroneis! Um nojo!

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