TTIP: pompas fúnebres? …


Na ‘silly season’ nem tudo entra de férias e não acontecem só superficialidades enfatizadas pela imprensa cor-de-rosa ou terríveis desgraças transferidas para esta época para passar ao lado do crivo da cidadania. Há de tudo um pouco.
 
A começar pelo discurso catastrofista de Passos Coelho na Festa de Quarteira, mas apelidada do Pontal, passando pelas peripécias do BCE acerca da CGD e os erros governamentais à volta das nomeações para o Conselho de Administração e a terminar na notícia sobre um eventual falhanço das negociações para o TTIP (tratado de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), anunciada pelo ministro da Economia alemão Sigmar Gabriel link, estamos perante um rodopio de assuntos capazes de perturbar a esperada languidez da época estival.
 
Fiquemos pelo TTIP. Raramente um projecto de negociação levantou tantas suspeitas aos europeus. Da parte americana existe uma relativa absorção pelos problemas internos e o referido Tratado tem ficado à margem das discussões eleitorais para a presidência dos EUA link. Aliás, era intenção do actual presidente Obama deixar este assunto encerrado ao seu sucessor, o que estará cada vez mais longe de acontecer. 
 
O Tratado que tem evoluído num clima do maior secretismo - nunca foi pensado para beneficiar cidadãos incidindo fundamentalmente sobre os interesses das grandes empresas – sempre suscitou dúvidas, mesmo nos círculos mais liberais.
Várias questões gravitam à volta desta parceria euro-americana. Desde a capacidade dos investidores processarem os Estados (europeus, entenda-se), à intromissão das corporações empresariais na elaboração das futuras legislações comerciais, até a uma profunda subtracção de direitos aos trabalhadores (os EUA só reconhecem 2 das 8 normas consideradas fundamentais pela OIT) e um intolerável incremento do desemprego da ordem de mais de meio milhão de trabalhadores (previsto e quantificado pela Universidade de Tufts, em Boston link), conferem a estas negociações um carácter verdadeiramente assustador.
 
Para além das acusações genéricas de que este tratado seria uma submissão às exigências norte-americanas, julgo que a Europa pode agradecer este falhanço ao Brexit.
O povo costuma dizer que há males que vêm por bem. Assim seja e que descanse em Paz!
 

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