Há 55 anos – A Crise Académica de 1962, em Coimbra

Hoje, na Sala 17 de Abril, na Faculdade de Matemática, sob os auspícios da República dos Galifões, começaram as comemorações dos ‘55 anos da Crise Académica de 1962’, com depoimentos, que continuarão amanhã e depois, pelos principais protagonistas do movimento académico de então.

Hoje, poucos sabem que todos os membros da direção da Associação Académica foram expulsos, durante dois anos, de todas as universidades portuguesas; que 38 estudantes foram presos para Caxias; e 4 alunas, porque em Caxias não havia celas para mulheres, ficaram presas durante um mês, em Coimbra, nos calabouços da Pide. O ex-inspetor da Pide, Sachetti, sempre perfumado e elegantemente vestido, foi o anfitrião dessas jovens a quem entusiasticamente preparou enxovias.

As alunas só tinham direito de voto nas Associações Académicas desde Salgado Zenha. O seu voto era esmagadoramente conservador, quase sempre de acordo com a matriz da Universidade de Coimbra, um sustentáculo do regime fascista, e votavam, vindas dos lares, enquadradas por freiras.

Hoje fui ouvir o meu amigo Francisco Leal Paiva, um ilustre obstetra, diretor-geral da AAC em 1962, na lucidez e serenidade dos seus quase 80 anos.

No anfiteatro havia uma dúzia de estudantes e velhas figuras da luta contra o fascismo, apesar da publicidade nos jornais locais e do email para todos os estudantes.

À saída, centenas de estudantes trajados desfilavam pelas ruas e recriavam as praxes que em 1962 foram usadas para a contestação à ditadura, num regresso manso à alienação.

A História é feita de avanços e recuos.

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