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A mostrar mensagens de novembro, 2017

Na morte de Belmiro de Azevedo

Pode estranhar-se a lembrança, mas compreende-se o voto de pesar da AR, pela morte do empresário, votado favoravelmente pelo PS, PSD e CDS. O homem que disse de Marques Mendes que “nem para porteiro da Sonae servia”, que qualificou Cavaco Silva como “ditador” e que afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa “tem dez respostas, todas boas, para a mesma pergunta”, foi a consciência crítica do PSD que agora lhe devia a autocrítica e a homenagem.

Linguagem e ideologia

Quem se considera democrata não pode condescender com o uso de palavras que, de tão habituais, deixaram de merecer reparo. As palavras tanto servem para exprimir ideias e narrar factos como para ocultar as primeiras e desvirtuar os últimos, ao serviço de uma ideologia. A condescendência com a designação de Guerra do Ultramar, como referência à Guerra Colonial, ou antigo regime, em substituição de ditadura fascista, revela uma desatenção à reescrita da História. Quem as usa não é inocente, e quem as tolera torna-se cúmplice. É um artifício semântico para branquear a guerra criminosa que a ditadura impôs. Ultimamente começaram a homenagear-se os “Heróis do Ultramar”, sob a militância da Liga dos Antigos Combatentes e a cumplicidade de sucessivos ministros da Defesa. Não há heróis do ultramar, há vítimas da guerra colonial. Seria, aliás, injusto que nos 14 anos de sofrimento imposto a 510.134 militares portugueses se excluíssem da guerra inútil as vítimas do outro lado, que se bateram

Ninguém pergunta à PGR se há investigações em curso?

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Transcrevo dois parágrafos da Visão n.º 1278, de 31 de agosto a 6 de setembro do ano em curso e deixo a respetiva capa onde nomes sonantes do PSD acompanham um ex-presidente e são alvos de gravíssimas suspeitas: «Desvio de dinheiros, operações simuladas e concursos públicos viciados, financiamentos ilícitos de campanhas, com faturação de despesas a empresas de fachada para iludir o Tribunal Constitucional, o rol revelado na edição desta semana da VISÃO é extenso. Durante anos, um grupo de empresas, algumas de fachada, tirando partido de influências políticas, sobretudo junto de autarcas e dirigentes do PSD – Marco António Costa, Luis Filipe Menezes, Agostinho Branquinho, Hermínio Loureiro, Virgílio Macedo e Valentim Loureiro –, viciou contratos públicos, ludibriou o Estado, fintou a Justiça e terá ocultado financiamentos proibidos para campanhas eleitorais. Numa grande investigação, que culminou num extenso dossiê de 21 páginas assinado por Miguel Carvalho, a VISÃO revela indícios

Vaticano – Ciência, milagres e santidade

Pensava que os milagres, cientificamente comprovados no laboratório do Vaticano, num mínimo de dois, eram provas académicas de acesso à santidade, alinhadas com o mundo profano, onde o primeiro milagre equivaleria ao mestrado e o segundo ao doutoramento. Pensava ainda, que a canonização, sem numerus clausus, atribuiria o alvará para novos milagres, sendo os dois primeiros as provas de exame no apertado filtro da canonização que, com o defunto ausente, fariam da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, a Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra, com o pseudónimo de Prefeitura. Compreende-se que os santos precisem de provas para poderem continuar no ramo dos milagres, sendo os primeiros obrados à experiência e os seguintes já com provimento definitivo. Isso justificaria as alegadas exigências postas na comprovação científica dos prodígios pela Congregação oficial para evitar uma exclusão do Livro dos Santos, como sucedeu a S. Guinefort que, apesar de mártir, foi exonerado qu

Tecnoforma – depois do Tecno-silêncio, o Tecno-esquecimento

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Em 14 de novembro, a jornalista Joana Almeida escreveu que a PGR ponderava reabrir o processo instaurado contra a Tecnoforma, arquivado em setembro por falta de provas que o inquérito da Comissão Europeia encontrou e levou à exigência da devolução de 6.747.462 euros indevidamente atribuídos por Miguel Relvas à empresa então gerida por Passos Coelho. Imagino o alarido de Assunção Cristas se o caso envolvesse uma celebridade do PS e os uivos que debitaria se fosse alguém do BE ou do PCP. No PSD, as segundas figuras em exercício regougariam impropérios, o próprio Cavaco suspenderia a defunção política, a anunciar um Roteiro dedicado e a destilar o ódio que lhe provoca insónias e passos agitados nas marquises da casa da Travessa do Possolo. A própria PGR já teria serenado os portugueses a anunciar que a ponderação que fizera a levara a reabrir o processo. A comunicação social teria entrevistado Miguel Relvas, Passos Coelho e o próprio PR, em vez de se excitar com declarações de João S

PSD subsidiário da austeridade e da supressão de subsídios….

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Dentro das medidas preconizadas pelo OE para 2018 foi votada e aprovada uma proposta do PCP determinando o fim dos pagamentos dos subsídios férias e de Natal por duodécimos. Nada de transcendente já uma esmagadora maioria dos trabalhadores assalariados (> de 90%) recebiam estes subsídios por inteiro. A votação mereceu o apoio das diversas bancadas parlamentares com exceção do PSD link .  Interessa perceber porquê. O pagamento dos subsídios de férias e de Natal foi, durante a governação de Passos Coelho, ‘ fatiado ’ em duodécimos para camuflar uma drástica diminuição de rendimentos dos trabalhadores por conta de outrem. Por outro lado, este rateamento escondia a intenção de ‘eliminar’ o seu pagamento quanto ao futuro. Esta medida da Direita seria um instrumento para, em conjugação com um prolongado congelamento salarial, um ínvio caminho para, na prática e com projeção futura, eliminar liminarmente os subsídios. Representava – sem o nunca ter confessado publicame

É preciso recordar o que se esconde

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África e as recentes ‘transições’ …

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Sendo África um continente martirizado pelo subdesenvolvimento histórico, crónico e como dizem os economistas ‘sustentado’ e, na atualidade, objeto dos desenfreados apetites da globalização encontra-se encurralado no miserável papel de continuar a ser um imanente reservatório de matérias-primas a explorar pelo primeiro Mundo (dito desenvolvido).   Concomitantemente, é aí que se encontram os piores rendimentos per capita do planeta, isto é, onde a mancha de pobreza é endémica, onde os indicadores sociais tem abstrusas expressões e onde as perspetivas de futuro morrem nos bolsos de uma ‘classe dirigente’ e organizações empresariais satélites do poder, tornou-se um antro de instabilidade política mais por mecanismos de rotatividade financeira e manutenção de oligarquias do que por renovações políticas ou democráticas. Desde narco-Estados encobertos a cleptocracias mais ou menos disfarçadas, entremeados por regimes ditatoriais implícitos ou explícitos existem modelos para todos

Eu e as greves

A ditadura fascista foi mais determinante na minha formação cívica do que a preparação cultural. Saboreia melhor a liberdade quem sentiu a repressão, e deseja mais a paz quem fez a guerra. A greve, um direito dos trabalhadores, era o ódio privilegiado do salazarismo, a decisão que lhe despertava mais raiva, que prevenia com maior empenho ou reprimia com mais brutalidade. A defesa do direito à greve terá sempre em mim um apoiante, mas não serei neutro em todas as greves, acrítico em relação às suas motivações, não as isentando do escrutínio da opinião pública e do confronto com outros direitos. Tenho sido prejudicado por algumas greves, e jamais as condenaria por rezões pessoais. Foi o caso de ontem. Dirigi-me ao CHUC a fazer análises para uma consulta relevante da próxima terça-feira, e os técnicos estavam em greve. Quando estava a ser informado da situação, outro septuagenário desabafou, a meu lado, que no tempo de Salazar não havia greves. Pois não, nem assistência médica, re

Na Beira Alta, no pós guerra (crónica)

Lembro-me de grupos de mulheres a regressarem das hortas, à tardinha, acompanhadas de crianças, que paravam para mijar antes de chegarem à aldeia. Alargavam as pernas e esvaziavam a bexiga gerando um rego de urina que a terra seca do caminho extinguia. A pressão na saia, com uma das mãos, enxugava a última pinga pendente. Era o fim de um ritual coletivo, antes de retomarem a marcha em direção a casa, para prepararem a ceia. Os garotos usavam calções, com uma racha atrás que, sem cuecas, facilitava o alívio das necessidades fisiológicas. Nunca encontrei um cronista que, recordando os odores de então, divulgasse os hábitos aceites com a naturalidade com que, no séc. XVIII, na corte francesa, se instruíam os criados a não oferecer os penicos antes das refeições, para não as retardarem. As aldeias não tinham saneamento, água canalizada, luz ou telefone, e percebe-se bem a inutilidade de outros móveis reservados à higiene, além da bacia ou lavatório, do jarro da água, penicos e, nas cas

Reina o TECNOSILÊNCIO

Do Palácio de Belém à Procuradoria Geral da República, das televisões ao Correio da Manha, das redes sociais à Rua de S. Caetano, de Passos Coelho a Cristas, de Miguel Relvas a Marco António, é um silêncio ensurdecedor. Passam os dias, as semanas e hão de passar meses e anos até que seja o contribuinte a pagar as fraudes que uma cortina de fumo esconde. Só há especialistas em Sócrates! Somos um país vesgo. A PGR admitiu... reabrir o processo .

Darwin e a Evolução das Espécies

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Porque contraria a doutrina sobre a criação do mundo, compreende-se a dificuldade das religiões em aceitarem a teoria da evolução das espécies, mas as evidências acabaram por convencer os mais empedernidos teólogos, apesar de delirantes explicações achadas. No entanto, há clérigos tão refratários à ciência que, quando ouvem falar dela, lembram o general fascista Millán-Astray, a puxar da pistola ao ouvir falar de inteligência. Tais clérigos são um bom indício para perpetuar dúvidas sobre a evolução. O padre António, da Ruvina, pároco da Miuzela do Coa, em meados do século passado, advertia as mulheres para não se sentarem nos burros como os homens. A misoginia era atributo pio, mas a posição de cavalgar os asnos era delírio eclesiástico. A mulher, nem a andar de burro podia abrir as pernas. Soube, depois, que outros clérigos, com idêntica mentalidade, se opunham à equitação feminina. Na Arábia Saudita, onde as mulheres, após a última Guerra do Golfo, ousaram conduzir automóveis

Infarmed

A mudança da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde de Lisboa para o Porto, sem justificação técnica ou económica, parece uma decisão tão errada como a que substituiu Lisboa na candidatura internacional à Agência Europeia do Medicamento. O Governo deve uma explicação sobre o que aparentemente não passa de uma compensação para o fracasso anunciado da AEM, com graves inconvenientes para os funcionários e, provavelmente , para a prestigiada Instituição.

A Pátria e a amnésia coletiva

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O julgamento de Sócrates é a cortina de fumo que esconde esta direita da imensa teia de corrupção em que se atolou. Esta direita que fez de Passos Coelho primeiro-ministro, de Relvas o ministro de que o PM era devedor e de Cavaco o PR e fiador de ambos, conseguiu vender a ideia de que a crise financeira surgida na sequência da falência do banco americano Lehman Brothers foi em Portugal da exclusiva responsabilidade do governo. A esquerda, dividida entre a que apoiou circunstancialmente esta direita no chumbo ao PEC IV, de graves consequências para a vida dos portugueses, e o PS, a carpir a derrota eleitoral, não resistiu à barragem do PR, da comunicação social e das redes sociais. Não conseguiu desmascarar a direita, que apenas queria o poder para desmantelar o Estado. O País ainda hoje ignora o terramoto que atingiu o sistema financeiro mundial e julga a crise como exclusiva de Portugal. Ignora os problemas da Grécia, Irlanda, Itália e outros países, onde a direita governava,

Podia telefonar para a R. de São Caetano (à Lapa)

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E perguntar a Relvas ou Passos Coelho?

Bairrismo, megalomania e caciquismo

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Há mais de 15 anos que me é reservada a página 7 do mensário «Praça Alta», de Almeida, onde escrevo as habituais «Notas Soltas» que partilho no blogue Ponte Europa e aqui, neste mural, desde o seu início. No mês de julho, uma das 22 Notas era a que se segue: «Agência Europeia do Medicamento – A candidatura do Porto, para quem conhece os funcionários de grandes agências europeias, significa que o Governo já a sabe perdida, e satisfez habilmente o bairrismo, ou que a perdeu com esse erro colossal.» Não era preciso ser muito perspicaz para prever que a candidatura do Porto não passaria de um tosco argumento de campanha eleitoral autárquica para um cacique local que, não passando do edil do Porto, se exibe como porta-voz do Norte do País. É um Puigdemont a nível paroquial. Pior, só o líder do movimento autárquico “Nós Somos Coimbra”, ‘nem de esquerda nem de direita’, a reivindicar a referida Agência para Coimbra, neste caso, com a agravante de ser um médico prestigiado a nível na

Dia Internacional dos Direitos da Criança

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Os dias internacionais raramente superam a exploração comercial ou mediática de uma data. O dia de hoje é diferente. É um duplo aniversário de alerta e de sensibilização para os direitos das crianças: proclamação da Declaração dos Direitos da Criança (20/11/1959) e adoção da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Convidado pelo Agrupamento de Escolas de Miranda de Corvo tive o privilégio de estar à conversa com mais de 40 crianças do 3.º e 4.º anos de escolaridade. Não sei o que mais me surpreendeu, se a compostura e os conhecimentos das crianças de 8 a 10 anos, ou o dinamismo, dedicação e empatia das suas jovens professoras. Em 1952 era eu que tinha a idade deles e em julho de 1971 dei as últimas aulas a alunos dessa idade. Os meus colegas da 4.ª classe eram “os filhos dos homens que nunca foram meninos”, para quem Soeiro Pereira Gomes escreveu «Esteiros», o livro que não leram. Não sei a razão que levou Portugal a só ratifica

O cardeal e a sexualidade

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O atual bispo de Lisboa, Manuel Clemente, licenciado em História, cardeal por herança do direito adquirido por bula de 1737, que não ficou barata ao reino, parece ter obtido a mitra, o báculo e o anelão, mais por razões pias do que por inteligência ou bom senso. Não tendo um bispo titular qualquer ascendência sobre outro de diocese diferente, foi na qualidade de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que o dr. Clemente se pronunciou sobre o sacerdote da diocese do Funchal, que assumiu a paternidade cujo mérito lhe coube. Diz o cardeal que o padre pode exercer o múnus, desde que renuncie a viver com a mãe da criança, de onde se conclui que o desempenho sexual não elimina o direito ao alvará canónico, apenas a coabitação com a mãe ou o conhecimento público. Como hipocrisia, não foi mera declaração pia, foi a exegese da doutrina católica. O homem a quem o PR, fiel à fé e alheio à laicidade, beija a mão, afirmou ainda “ser completamente desaconselhável a entrada de jo

Arábia Saudita: o ‘golpe palaciano’, as réplicas regionais e o oculto impacto global…

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A notícia de que o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman (MbS), está a levar a cabo uma purga no reino das Arábias surge como uma bomba e mostra como profundas dissensões no interior dos vários ramos da ‘família Saud’ podem estar a vir ao de cima com consequências imprevisíveis link .   Na realidade, a velha família Saud que, desde tempos ancestrais governava várias regiões na região (Negéde e Hejaz), viria a adquirir uma hegemónica preponderância na península após o fracasso da ‘revolta árabe de 1916-18’, contra o domínio otomano e apoiada pelos Governos britânico e francês. O pretexto foi a ‘tutela’ dos lugares sagrados do islamismo (Meca e Medina).   A revolta árabe - contemporânea da I Guerra Mundial – e encabeçado por Husseine (então xarife de Meca) viria a acabar com uma repartição da Península entre a França e a Grã-Bretanha (acordo de Sykes-Picot), traindo promessas anteriormente assumidas com os reinos nómadas. A mudança na configuração territorial surge

A bactéria ‘Legionella pneumophyla’ e os vírus

Em Estrasburgo e Bruxelas a bactéria Legionella pneumophyla deixa os eurodeputados sem água quente nos gabinetes, pelo elevado risco de contaminação, devido à vetustez das canalizações. Têm de lavar as mãos em água fria. Não é grave. Em Portugal, um surto da bactéria, com origem no Hospital de S. Francisco Xavier, já causou a morte de 5 pessoas, o internamento de 7, nos cuidados intensivos, e de 27, em enfermaria, num total, que todos os jornais e TVs atualizaram ontem, de 54 infetados, relativos ao dia anterior. Enquanto a comunicação social e as redes sociais procuram associar António Costa, e os partidos de cujo apoio depende o seu Governo, ao lamentável surto, a empresa ‘Veolia Portugal’, responsável pelas torres de refrigeração do referido hospital, mobilizou “uma equipa interna de técnicos internacionais com vista a auxiliar no cabal esclarecimento». É evidente a gravidade da trágica ocorrência, uma só morte é horrível para quem sente a perda do ente querido, mas a exploraç

LIDO (Visão, 16 novembro 2017 – Pág. 61)

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“Uma pessoa que eu estimo, que é o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, tinha uma coluna no ‘Sol’. E o Professor um dia telefona-me e diz assim: “Olha, o ‘Sol’ está a ir para o fundo, não se aguenta”. Disse-lhe para dizer ao Saraiva que viesse falar comigo”. (Ricardo Salgado, julho de 2014) «O ‘Sol’ estava com grandes dificuldades financeiras devido a problemas com acionistas, ali no quadro da guerra com José Sócrates. Era colaborador do jornal e tentei ajudar, falando com várias pessoas ligadas a instituições financeiras» (Marcelo Rebelo de Sousa à Visão)

A alma, essa desconhecida

A alma é um furúnculo etéreo que infeta o corpo dos crentes. É um vírus que sobrevive à morte do hospedeiro e migra para a morada perpétua que os clérigos lhe destinam. A alma é um bem mobiliário sujeito a imposto canónico e que, à semelhança das ações de empresas, hoje também desmaterializadas, exige taxa de ‘gestão da carteira celestial’. No mercado mobiliário as ações são transmissíveis e negociáveis. Representam avos do capital social das empresas. A sua clonagem é criminosa e leva o autor à prisão, exceto quando o Vaticano está envolvido e nega a sua extradição, como sucedeu ao arcebispo Marcinkus, que JP2 protegeu, após a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano. Quanto à alma, há suspeitas de haver um número ilimitado em armazém, o que exaspera os clérigos, intermediários do negócio, com o planeamento familiar. Não se sabe bem se a alma vai no sémen, está no óvulo ou surge depois da cópula, um ato indecente para tão precioso e imaculado bem. Os almófilos andam de joelhos

O que o País deve a Marcelo e o que não pode consentir

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Após a tomada de posse, Marcelo surgiu sem prótese conjugal, irradiando simpatia, em flagrante contraste com o antecessor. Com a cultura, inteligência e sensibilidade que minguavam a Cavaco, tornou-se um caso raro de popularidade. O respeito pela Constituição da República, elementar no constitucionalista, levaram-no a aceitar o Governo legitimamente formado na AR e a que Cavaco dera posse com uma postura indigna de quem, sem passado democrático, é devedor à democracia dos lugares cimeiros que ocupou. Marcelo, em vez de ameaçar o País e denunciar à Europa os perigos imaginários que um ressentido reacionário lobrigou no entendimento democrático dos partidos de esquerda, ajudou ao desanuviamento do ambiente político e à higienização do cargo para que fora eleito. Fez o que devia, e teve a decência de romper com a herança de dez anos. Esgotado o mérito que lhe será sempre creditado, entrou num frenesim próprio de quem é hipercinético, por temperamento, e ansioso de mediatismo, por

Tal como nos submarinos…

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O arquivamento e prescrição de crimes parecem sofrer de uma inclinação partidária que, sendo certamente aparente, deixa os portugueses perplexos. Podem ser coincidências, mas o silêncio que se abateu sobre a investigação da Visão a Câmaras do grande Porto, onde altos dignitários do PSD estavam comprometidos, ou à gestão danosa de bancos, que enlamearam políticos do bloco central, especialmente da direita, é suspeito. Raramente se fala dos bancos GES/BES, Banif, BPN, BPP e BCP. Há um sentimento de desconfiança perante a impunidade que levará ao ressentimento.   Enquanto o ministro da Saúde pede desculpa por mortes causadas por uma bactéria que mata, o cardeal renuncia às rezas contra a seca e o PR acha em Lisboa os sem-abrigo que no tempo do antecessor seriam hospedados em hotéis, a comunicação social silencia o que pode lesar os interesses dos seus donos e reincide nas imagens dos incêndios. O arquivamento do processo contra Dias Loureiro, por falta de provas, quando o prazo se

Madrinha acompanha o Padrinho.

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A História e outras histórias

Há a História escrita por historiadores e a história contada pelos redatores dos manuais escolares. A primeira é uma ciência e baseia-se em documentos, a segunda é o veículo de propaganda de quem detém o poder. Raramente coincidem. Nos 4 anos da instrução primária aprendi na catequese a odiar judeus, hereges, maçons, apóstatas e comunistas. Na escola juntei aos ódios de estimação, e sem necessidade de rezar contra os destinatários, os moiros e os castelhanos. Aos 10 anos, já fustigado com quatro sacramentos, fiz a comunhão solene, vestido de cruzado. Na Bouza, ali em frente de Escarigo, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, vi um manual escolar espanhol que desprezava a batalha de Aljubarrota e glorificava, entre outras, a do Toro. Era de uma prima e amiga, da minha idade, a quem chamei a atenção para os erros do livro por onde estudava. Levei-lhe o meu livro da 4.ª classe e disse-me que os livros portugueses só diziam mentiras. Nessa altura, como ela era espanhola, e eu de

Salazar era mais discreto

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O fascismo nunca existiu...

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O PSD no seu labirinto

A prática política do PSD, agravada pela pulsão antidemocrática de Cavaco e Passos Coelho, fez do partido um adversário das minhas convicções social-democratas e da justiça social. Perante a geometria partidária, funcionando os partidos mais como clubes de emprego do que como comunidades de reflexão política e preparação de quadros, com sentido de serviço público, a liderança partidária não é um mero assunto interno, muito menos a do PSD, que decerto voltará a ser Governo. Os candidatos anunciados revelam bem a pobreza de alternativas que o partido é capaz de gerar, após o esvaziamento ideológico e ético por um PR inculto e um PM inapto. Rui Rio é seguramente íntegro, mas não se vê nele mais do que um dirigente autárquico, quando muito, regional, sem a dimensão que o cargo de PM exige. Seria trágico repetir governos disfuncionais do passado, do PS ou do PSD, nomeadamente o do candidato a líder reincidente do PSD. Não sendo convincentes as candidaturas anunciadas, só com humor é

Independência da Catalunha – Porque não…

Sei o suficiente da História da Catalunha para compreender o desejo independentista de metade dos catalães, e sei ainda mais da História europeia para temer as alterações das fronteiras e a facilidade com que qualquer demagogo faz vibrar as cordas do bairrismo paroquial que, em maior dimensão territorial, se transforma em nacionalismo. Sei o que o franquismo fez à Catalunha, que lhe proibiu a língua, assassinou milhares de cidadãos, incluindo três bispos, assassinato silenciado durante décadas, e que não foram canonizados, por terem sido mortos pelos bons, e sei que uma convulsão na Catalunha redundaria num terramoto sangrento das atuais fronteiras das nações europeias. Sou contra a independência catalã pela mesma razão que fui contra a eslovena e croata, que nunca perdoei a Helmut Kohl e João Paulo II, embora do primeiro até tivesse boa impressão. Os dois países de passado marcadamente fascista fizeram parte da expansão comercial alemã e foram as repúblicas católicas que iniciaram

Coincidências

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Num país beato é mais fácil saber quem consta nos 'Papéis do Paraíso' do que nos 'Papéis do Panamá', à guarda do Expresso e da TVI.

O fascismo nunca existiu...

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... mas bastaria o ridículo para o anatematizar.

Revolução de Outubro – 100.º aniversário

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Esta Revolução foi o maior acontecimento mundial do último século. É cómodo não a recordar, mas é injusto e perigoso. Cem anos depois, não pode ser a mera nota de rodapé no compêndio da História, por mais furores que desperte e ressentimentos que acorde. São grandes as paixões que desperta, mas é preciso ser demasiado ignorante ou sectário para aplaudir as perversões a que deu origem ou excessivamente cego e rancoroso para lhe negar os avanços sociais que lhe devemos. Sem ela, o capitalismo nunca assumiria o rosto humano que vai perdendo com a falta de um socialismo humanista que lhe sirva de antítese. E a falta que nos faz uma síntese que seja o novo paradigma! Apostila – A Revolução de Outubro teve lugar no dia 25 de outubro de 1917 (calendário juliano, correspondente a 7 de novembro (calendário gregoriano), por que nos regemos.

João César das Neves(JCN) – Talibã romano, no DN

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«Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá» (Êxodo 35:2). João César das Neves, pávido com as labaredas do Inferno, esquece a Bíblia e o sábado para divulgar a vontade do seu Deus, decifrada nas mais arcaicas sacristias. Neste último sábado, 4 de novembro do ano da graça do calendário gregoriano, regressa à homilia contra a IVG, exaltando as ‘ Caminhadas pela Vida ’, desse dia, equiparando a IVG a “barbaridades extremas: guilhotina jacobina, holocausto nazi, ataque atómico ao Japão, massacres arménio e tutsi, entre tantos outros [sic]”. O devoto misógino nunca se conformou com o fim da pena de prisão para mulheres que abortam por malformações fetais, violação ou risco de vida. Como poderá resignar-se à liberalização do aborto quem é capaz de ver na ejaculação um genocídio? Talvez escreva estes textos pios depois da missa das sextas-feiras em que a ‘Comunhão e Libertação’ o exp

Humor monárquico

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Os monárquicos podem não ter argumentos, mas não lhes falta humor.

Falta de lembrança

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Os índios acendiam fogueiras mais cedo, embora acertassem menos

O PR e a transparência

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O atual inquilino de Belém não precisava da comparação com o antecessor, o que, aliás, seria descabido, para ser considerado um cidadão probo em relação ao uso de dinheiros públicos ou à prática de negócios privados que desmerecessem o exercício do cargo, incluindo os gastos com o órgão de soberania cuja vigilância lhe cabe. É um cidadão honrado. Ponto. Assim pudéssemos louvá-lo na defesa da laicidade do Estado ou na sobriedade exigível nas declarações políticas, quando excedem a competência das funções presidenciais, ou no derramamento de afetos ao domicílio! Como excelente constitucionalista, qualidade que acrescenta a muitas outras, sabe que a CRP não lhe permite alimentar pretensões peronistas, se acaso as tivesse, e que Portugal não as aceitaria, ainda que dispusesse de uma Evita. Nesse aspeto estamos descansados. Já quanto à utilização da sua alta popularidade para condicionar o voto dos portugueses, goste-se ou não, é a vida. Nada podemos fazer quando nos agrada ou desag

CATALUNHA: inabilidades políticas, imbróglios judiciários ou o prelúdio de uma ‘solução à europeia’?

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A questão catalã poderá estar a ser objeto de uma ‘solução espanhola’ muito expedita e de fachada 'europeísta'.    Bastará – no entender de Mariano Rajoy e da ‘ governadora castelhana para a Catalunha ' Soraya de Santamaria - encarcerar todos os que tenham tomado qualquer posição a favor da autodeterminação, secessão ou da independência catalã, chantagear a região com um tentacular garrote financeiro e deslocalizar a Economia provocando uma profunda recessão económica, lançando milhares de catalães na pobreza e no desemprego. Convocar eleições regionais nestas circunstâncias é muito pouco livre e dificilmente escamoteia a farsa que lhe está subjacente. Quem contestou as condições do referendo de 1 de Outubro não estará agora a fazer pior? A acusação de rebelião com que se fustiga tudo quanto se manifeste pela autodeterminação catalã e pela República (convém não esquecer este pormenor) é manifestamente forçada, já que o processo independentista catalão tem dec

Entre o humor e a tragédia

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Salva-se a coerência do catalão enquanto o PP espanhol, em vez do diálogo, procura a vingança.