Aprovados por unanimidade restaurantes empulgantes

Não, caros leitores, não sou, ainda que na melhor prosa caia a nódoa, o prevaricador ortográfico que o título induz. Refiro-me mesmo a restaurantes empulgantes, de onde o cliente sairá desesperado, a coçar-se a caminho do banho.

Consultei várias fontes, podia ser mentira, como a do juiz que pediu o atestado de saúde mental a um morto. Dessa mentira perdeu-se o pedido de desculpas do DN no vórtice de falsas notícias.

Esta é verdadeira. A lei vai permitir animais de estimação em espaços de restauração. O texto, acordado na comissão de Economia da AR, foi aprovado por unanimidade. Nem um só deputado se opôs à adorável companhia dos animais nos restaurantes. Enquanto um casal mordisca entradas, na mesa ao lado baba amorosamente o dono um Lulu; um casal dá alpista ao periquito e outro serve espinhas do carapau ao bichano; para onde e se olhe, já a partir de maio, entre a sopa e o bacalhau à Brás, há alguém com a tartaruga, o papagaio, o pastor alemão ou o porquinho da Índia, enquanto o gato Persa, em diálogo ecuménico, confraterniza com o cão Lobo de Alsácia.

Eu confio no discernimento dos animais, em especial de cães e gatos, para rejeitarem os donos à hora das refeições. A discriminação era injusta. Uma chinchila, um hamster ou um furão podiam deprimir-se por ficarem em casa. Os pássaros, os porquinhos da Índia e as galinhas gostam de acompanhar os donos, mas custa-me almoçar junto da cobra de estimação ou de um coelho vivo no espaço onde o aguardo guisado.

Espero que os restaurantes onde se cultiva a fraternidade entre pessoas e bichos estejam devidamente sinalizados. Só quem nunca foi picado, quem não sabe o que é o pulguedo, julga empolgante um restaurante cheio de pulgas.

Felizmente que os projetos do PEV, PAN e BE não obrigam os restaurantes a aceitar os bichos, nem estes a frequentarem restaurantes. A lei apenas altera a legislação de 2015, que não permitia a entrada de animais em espaços fechados de restauração e bebidas, ainda que o proprietário do estabelecimento o autorizasse.

Do mal, o menos. Há pessoas e animais com quem me recuso a almoçar, e não vou ser obrigado a fazê-lo. Hei de encontrar restaurantes que recusem animais de estimação.

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